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Páscoa: D. Manuel Clemente denuncia perseguições contra cristãos

Cardeal Patriarca de Lisboa

O Cardeal-Patriarca evocou hoje as vítimas dos ataques no Sri Lanka, durante a homília que proferiu na Sé de Lisboa, e afirmou que o cristianismo é a religião mais perseguida no mundo actual. “Neste momento, em muitos lugares por esse mundo, como esta madrugada no Sri Lanka, outros cristãos celebram igualmente a Páscoa escondidos ou mal curados de feridas de desastres graves”, disse D. Manuel Clemente, durante a solenidade da Páscoa.

O responsável máximo da Diocese de Lisboa mostrou-se preocupado com a falta de liberdade religiosa que atinge várias comunidades cristãs. “Quando mesmo na nossa Europa se sucedem profanações de igrejas, centenas em França no ano passado, e quando estas tristíssimas realidades nos poderiam desanimar e tolher, os cristãos continuam a entrever, por entre os sinais da morte, a presença de Cristo, que a venceu”, declarou. “A ressurreição de Cristo não é um espectáculo para ver de fora, é um mundo novo a acontecer entre nós. Como transbordou do túmulo vazio, preencherá também os vazios existenciais que aí estão agora, que aí estão urgentes”, prosseguiu D. Manuel Clemente.

Já na última noite, o Cardeal-Patriarca de Lisboa criticou o que denominou como “reducionismo cultural”. “Nós agora mesmo, quando algum constrangimento social quer inibir o protagonismo cristão propriamente dito ou quando um certo reducionismo cultural normaliza por baixo as suas convicções, afastando-as daqueles espaços que, exactamente por serem públicos, deviam ser de todos como legitimamente são e não de nenhuns como acabariam por ser. Com respeito pelos outros, certamente, mas sendo o próprio respeito a exigir-nos a partilha”, referiu, na homilia da celebração.

Falando na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente lembrou também os que, ainda hoje, arriscam a vida ao celebrar o cristianismo. “Jesus vencera a morte. O seu cadáver sepultado era agora corpo glorioso, infinita presença em qualquer espaço e tempo. Como o celebramos aqui, como muitos o celebram, por esse mundo fora, mesmo onde o arriscam a vida para o fazerem também”, referiu na ocasião o Cardeal-Patriarca de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia, o Cardeal-Patriarca transmitiu uma mensagem de solidariedade e de esperança à Igreja do Sri Lanka, com a qual a Igreja Católica Portuguesa mantém relações. "As palavras nunca chegam. Estamos com os irmãos do Sri Lanka", disse, acrescentando que os ataques "não podem ter motivação religiosa", porque "quem é verdadeiramente religioso não faz mal aos outros, faz bem". "A religião é aquilo que nos aproxima. Na religião estas ações não têm legitimidade", sustentou Manuel Clemente.

Para o Cardeal-Patriarca de Lisboa, a mensagem da Páscoa é a da superação da morte. "A Páscoa, a mensagem que nos traz, é que não há morte que possa extinguir definitivamente a vida", frisou. Questionado sobre medidas de segurança para a celebração de hoje, indicou apenas que as autoridades estão atentas. "No mundo em que vivemos, que é um mundo perigoso, a precaução é estarmos preparados para o que vier", referiu.

Pelo menos 207 pessoas, entre as quais um português, morreram hoje nos ataques no Sri Lanka, que provocaram ainda 460 feridos, segundo os dados oficiais. Em Colombo, capital daquele país asiático, registaram-se pelo menos cinco explosões: em quatro hotéis de luxo e uma igreja.  Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra ao leste do país. A oitava e última explosão, até ao momento, teve lugar num complexo de vivendas na zona de Dermatagoda, em que um 'kamikaze' feriu três polícias. As primeiras seis explosões ocorreram "quase em simultâneo", pelas 8h45 (3h15 em Portugal), de acordo com fontes policiais citadas por agências internacionais.

Texto: agência Ecclesia com agência Lusa
Fotografia: Patriarcado de Lisboa