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Museu da Lourinhã anuncia descoberta de crocodilo jurássico em Paimogo

cranio fossil crocodilo

Dá pelo nome de ‘Mr. Holger’ o novo crânio fóssil de crocodilo, descoberto nas praias da Lourinhã, e é, segundo refere o Museu da Lourinhã, o mais bem preservado da Península Ibérica da sua época, com perto de 150 milhões de anos.

Num comunicado enviado ao ALVORADA a instituição lourinhanense revela que este animal, que seria semelhante aos crocodilos actuais, poderia chegar aos três metros de comprimento e conviveria com alguns dos maiores dinossauros do final do Jurássico, como o ‘Torvosaurus’, o maior carnívoro terrestre da Europa, ou os saurópodes, gigantes de pescoço comprido, como o ‘Supersaurus’ ou o ‘Lusotitan’.

Este crocodilo (que na verdade é um crocodilomorfo, um parente dos crocodilos actuais) ficou com a alcunha de ‘Mr. Holger’ em homenagem ao paleontólogo amador, Holger Lüdtke, que já tinha descoberto o dinossauro anão ‘Europasaurus holgeri’, na Alemanha”. Em Dezembro de 2021, numa das suas visitas à Lourinhã, Holger percebeu que numa das rochas roladas da Praia de Paimogo estava à mostra uma pequena parte de crânio de crocodilo. “Este achado, que foi comunicado ao Dino Parque e ao Museu da Lourinhã veio a revelar-se numa nova espécie para a paleontologia, que foi batizada de ‘Ophiussasuchus paimogonectes’”, refere a mesma instituição. O nome quer dizer ‘crocodilo dos Ofiússa’, nome dado pelos antigos gregos ao território português, e ‘nadador de Paimogo’, a praia onde foi achado e de onde são provenientes algumas das descobertas paleontológicas de maior importância internacional da Lourinhã, como os ovos de dinossauro de Paimogo ou o dinossauro ‘Zby atlanticus’.

Para Víctor López-Rojas, o primeiro autor do artigo, este fóssil “é um exemplo da importância e diversidade” que os crocodilos tiveram na ‘Era dos Dinossauros’, além de ser um espécime muito bem preservado que o ajudou a desenvolver os seus trabalhos na paleontologia.

Já Simão Mateus, director científico do Dino Parque Lourinhã e investigador responsável por este projecto salienta que “este fóssil vem confirmar a importância mundial do Jurássico Superior de Portugal, nomeadamente da Lourinhã”. Acrescenta ainda que “em seis anos é a terceira nova espécie para a Ciência, cujos fósseis foram preparados no laboratório do Dino Parque, o que atesta o valor pedagógico e científico do parque, comprovado por mais de 1,2 milhões de visitantes”.

O artigo foi publicado na revista Palaeontologia Electronica, com o título de ‘A new goniopholidid crocodylomorph from the Late Jurassic of Portugal’, e foi resultado de uma investigação composta por uma equipa internacional de paleontólogos ligados ao Dino Parque Lourinhã, ao Museu da Lourinhã, à Universidade Nova de Lisboa, e à Universidade de Zaragoza dos quais fazem parte Víctor López-Rojas, Simão Mateus, João Marinheiro, Octávio Mateus, e Eduardo Puértolas-Pascual. Além destes, este fóssil também serviu de tese de mestrado em ilustração científica a Camilo Pineda, da Universidade de Aveiro.

Texto: ALVORADA com Museu da Lourinhã
Imagem: Direitos Reservados