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Paleontólogos anunciam novo género e espécie de pterossauro descoberto numa praia da Lourinhã

museudalourinha

Uma equipa internacional de paleontólogos anunciou um novo género e espécie de pterossauro (réptil voador), que denominaram ‘Lusognathus almadrava’, num artigo científico agora publicado, depois da análise de fósseis descobertos em 2018 numa praia do concelho da Lourinhã.

É a primeira classificação científica de pterossauros do país”, afirmaram no artigo científico, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os autores da descoberta, a luso-americana Alexandra Fernandes (Universidade de Munique, Centro de Investigação de Paleontologia e Geologia de Munique e Museu da Lourinhã) e os brasileiros Victor Beccari (Centro de Investigação de Paleontologia e Geologia de Munique e Museu da Lourinhã) e Alexander Kellner (departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro) e o lourinhanense Octávio Mateus (Universidade Nova de Lisboa e Museu da Lourinhã).

'Lusognathus' é uma palavra derivada do latim, composta pelo prefixo 'luso', para referir o que é relativo à Lusitânia (o antigo nome para a área de Portugal na época romana) e por 'gnathus', que significa 'mandíbula', enquanto 'almadrava' é o nome de uma armadilha de pesca tradicional portuguesa para a captura de marisco. A “morfologia dentária única” e diferente de outros pterossauros, com a “expansão anterior espatulada” do bico, a “dentição robusta em forma de pente” e as “bordas pronunciadas dos alvéolos dentários” levaram os investigadores a propor um novo género e espécie de pterossauro, é explicado no artigo científico que foi publicado na segunda-feira na revista Peer. “As implicações paleobiológicas de um pterossauro de tamanho excepcionalmente grande no Jurássico de Portugal denotam e reforçam um ecossistema próspero, abundante em presas, neste caso talvez peixes”, referiram os investigadores.

O achado, encontrado em 2018 por Filipe Vieira na Praia do Caniçal e escavado em Março de 2019 por elementos do Museu da Lourinhã, que recolheram ainda mais material, é composto por um bico pré-maxilar dentado incompleto, de uma certa dimensão, e alguns dentes e vértebras cervicais. O fóssil permitiu aos investigadores estudarem as diferenças face a outros pterossauros já encontrados, mas nunca descritos por escassez de material e fraca preservação dos achados, e classificarem-no como um novo género e espécie. Apesar das ocorrências frequentes, apontaram os especialistas, “o material de pterossauro recuperado restringe-se a ossos e dentes isolados escassos e muitas vezes fragmentados”, o que “provavelmente se deve à fragilidade óssea física dos pterossauros, tornando os seus restos particularmente susceptíveis a factores de fossilização dissuasores ou destrutivos”. O réptil voador agora classificado terá vivido há 149 milhões de anos, durante o período do Jurássico Superior.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)