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Ministra da Cultura garante Museu Nacional da Resistência e Liberdade em Peniche concluído em 2020

Ministra da Cultura em Peniche

O futuro Museu Nacional da Resistência e Liberdade, para o qual estão a decorrer obras na Fortaleza de Peniche, deverá estar pronto no final de 2020 e vai ter um quadro de 40 funcionários, revelou hoje na cidade piscatória oestina a ministra da Cultura, Graça Fonseca. A governante falava à margem de uma visita para jornalistas à exposição ‘Por um Livre Pensamento’, que é inaugurada neste local esta quinta-feira, por ela própria e pelo Primeiro-Ministro pelas 18h30. “Este museu vai ter um quadro previsto de 40 funcionários e a Direcção-Geral do Património Cultural já iniciou, há algumas semanas, um processo de entrevista de trabalhadores para ir preenchendo os lugares previstos”, afirmou Graça Fonseca. O director do novo museu vai ser selecionado por concurso público internacional, previsto no novo regime de autonomia dos museus. Graça Fonseca adiantou que “enquanto o concurso não estiver concluído”, há “recrutamento temporário” de trabalhadores indispensáveis ao funcionamento do espaço, durante os três meses em que a exposição estiver aberta ao público.

As obras vão “decorrer durante este ano e durante o próximo”, esclareceu, apontando a inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade para uma data “ao longo do ano de 2020”. “O museu permite guardar aquele pedaço da nossa história que não podemos e não queremos esquecer, não só para honrar essa história, mas fundamentalmente para que, no futuro, não se repita”, sublinhou Graça Fonseca.

Recorde-se que foi em Setembro de 2016 que a Fortaleza de Peniche foi integrada pelo Governo na lista de monumentos históricos a concessionar a privados, no âmbito do programa Revive, mas passados dois meses foi retirada, pela polémica suscitada. Em Abril de 2017, a Assembleia da República defendeu em plenário, da esquerda à direita, a requalificação e a preservação da sua memória histórica enquanto ex-prisão política da ditadura, em alternativa à decisão do Governo. No mesmo mês, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalar na antiga prisão da ditadura do Estado Novo o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, um investimento estimado em 3,5 milhões de euros.

Em 2018, foram lançados concursos para obras, que estão a decorrer, o projecto de arquitetura de adaptação do museu foi entregue ao arquitecto João Barros Matos e o guia de conteúdos, composto por 11 núcleos, foi elaborado pela Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica.

Esta visita realizada hoje para a comunicação social, acompanhada pelo ALVORADA, contou ainda com a presença de Paula Araújo da Silva,  directora-geral do Património Cultural, do historiador Fernando Rosas e de Domingos Abrantes, ambos antigos presos e membros da Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) e do Comité Executivo do Museu de Peniche (CEMP), a par de outras personalidades intervenientes em diferentes fases do projecto como foi o caso do historiador caldense João Bonifácio Serra..

Comissariada pela DGPC/CEMP e com entrada gratuita, a exposição ‘Por Teu Livre Pensamento’ resgata momentos marcantes da História Contemporânea a partir da memória do lugar, a prisão de Peniche, numa narrativa museológica que presta homenagem aos antigos presos, às suas famílias e à população de Peniche. Vai ser possível ser vista durante dos próximos três meses e é constituída por fotografias, documentos, desenhos, vídeos e peças/objectos, do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade e de acervos públicos e privados. A exposição permanecerá aberta ao público a partir do próximo de amanhã, data da inauguração oficial do memorial em homenagem aos presos políticos, erguido na zona de entrada do monumento. O Memorial aos Presos Políticos é constituído por uma parede em ferro com nomes de 2510 opositores ao regime fascista, presos na cadeia política de Peniche entre 1934 e 1974. Outros nomes serão acrescentados ao longo do tempo, conforme venham a ser apurados pelas pesquisas documentais que continuam a decorrer.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA