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CAP quer "maior atenção e articulação" para combater exploração de imigrantes

CAP

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) reclamou hoje “maior atenção e articulação dos poderes públicos” nos processos de contratação de trabalhadores no estrangeiro, acolhimento e integração de imigrantes para combater o aparecimento de redes de exploração. “Sem um eficaz acompanhamento dos trabalhadores migrantes desde a sua contratação criam-se condições propícias à proliferação de redes de tráfico e exploração”, considerou a CAP, num comunicado enviado à agência Lusa.

Esta confederação felicitou a Polícia Judiciária (PJ) pela operação realizada na terça-feira no Baixo Alentejo, que permitiu desmantelar uma estrutura criminosa que se dedicava a explorar trabalhadores imigrantes e deter 28 suspeitos. Trata-se de “um flagelo que todos sabemos assume uma dimensão multinacional e se aproveita das fragilidades de cidadãos que procuram melhores condições de vida para si e seus familiares”, sublinhou.

Assinalando que “Portugal necessita absolutamente de mão-de-obra estrangeira nos mais diversos sectores”, a CAP defendeu que a entrada de imigrantes no país “tem de se processar de forma célere, mas no estrito respeito da lei e dos direitos humanos dos trabalhadores migrantes”. “Foi também por isso que a CAP, em devido tempo, assinou um acordo para a entrada regulada de trabalhadores migrantes para a agricultura”, salientou.

No comunicado, esta confederação indicou que também propôs na concertação social, e foram acolhidas no pacto social assinado com o Governo, “medidas de apoio à concessão de habitação aos trabalhadores” para “contribuir para condições de vida dignas”. A CAP frisou que “continuará a lutar por este objectivo”, esperando “contar sempre, nesta matéria, com o apoio dos diversos municípios envolvidos”. “Só com empresas economicamente sustentáveis e trabalhadores com condições de vida apelativas e dignas será possível construir um Portugal próspero, que ofereça perspectivas de vida atractivas para os portugueses e para os que nos escolhem como país de trabalho”, vincou.

A organização incentivou a PJ a prosseguir o combate às redes de tráfico e de exploração de trabalhadores imigrantes e apelou às entidades públicas com responsabilidades nesta matéria para que possam “trabalhar de forma mais consistente e articulada”. “A CAP, naturalmente, no quadro das suas competências e actuação, colaborará sempre com as autoridades na luta contra aquelas redes”, acrescentou.

Segundo a PJ, a operação, em que foram detidas 28 pessoas, permitiu detetar pelo menos uma centena de imigrantes vítimas de exploração em propriedades agrícolas do Baixo Alentejo, em especial nos concelhos de Cuba e Ferreira do Alentejo. A operação, designada por 'Operação Espelho', foi desencadeada pela Unidade Nacional de Contra Terrorismo da PJ e envolveu cerca de 480 operacionais, que deram cumprimento a 78 mandados de busca domiciliária e não domiciliária. De acordo com a PJ, os suspeitos, de nacionalidade portuguesa e estrangeira, estão indiciados pela prática de crimes de associação criminosa, tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal, angariação de mão-de-obra ilegal, extorsão, branqueamento de capitais, fraude fiscal, ofensas à integridade física, posse de arma de fogo e falsificação de documentos. Os detidos vão ser presentes hoje a primeiro interrogatório judicial para aplicação de eventuais medidas de coacção.

Texto: ALVORADA com agência Lusa