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Portugal em projecto europeu para reduzir captura acidental de fauna marinha

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As Universidades de Coimbra (UC) e do Porto (UP) integram um projecto europeu que visa reduzir a captura acidental de fauna marinha, que pode representar até 40% do total das capturas de pesca, anunciaram aquelas instituições. O projecto, intitulado 'Reduce', foi financiado com cerca de nove milhões de euros pelo programa Horizonte Europa e decorrerá entre Janeiro de 2024 e Dezembro de 2027. Envolve 13 parceiros de cinco países (Portugal, Espanha, França, Reino Unido e Senegal), liderados pela Faculdade de Biologia e Instituto de Investigação da Biodiversidade da Universidade de Barcelona.

A equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenada por Catarina Silva, investigadora do Departamento de Ciências da Vida, com a colaboração dos investigadores Zara Teixeira e Filipe Martinho, ficará responsável pela temática da monitorização das capturas acidentais.

Estas podem representar “até 40% do total das capturas de pesca, atingindo globalmente até 38 milhões de toneladas descartadas por ano, perturbando a cadeia alimentar oceânica e podendo representar uma ameaça à sobrevivência de espécies já sob pressão de várias outras actividades humanas”, referiu a UC, em nota enviada hoje à agência Lusa.

O Reduce vai apostar no desenvolvimento e teste de novas tecnologias e estratégias de gestão para uma melhor avaliação, monitorização e redução das capturas acessórias de aves, tartarugas, cetáceos, tubarões e raias na frota europeia de pesca de longa distância composta por arrastões, cercadores e palangreiros que operam nas águas do Oceano Atlântico, desde as costas da Península Ibérica até à Macaronésia [arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde] e Golfo da Guiné”, adiantou.

O projecto europeu pretende “melhorar os programas de monitorização das pescas, incorporando a monitorização electrónica, promover a compreensão das capturas acessórias e dos seus impactos nas dimensões científica, económica e social, e avaliar potenciais medidas de mitigação”, frisou ainda a UC.

Embora actualmente existam vários regulamentos nacionais, europeus e internacionais que partilham o objectivo - comum à Estratégia de Biodiversidade da União Europeia - de tornar a pesca compatível com medidas de protecção ambiental para conservar espécies marinhas ameaçadas, a monitorização das capturas acidentais, a realizar pelos investigadores da FCTUC, pretende “melhorar os programas tradicionais de observação e monitorização de capturas acessórias a bordo e combiná-los com a implementação de novos sistemas modernos de monitorização electrónica [intitulados EMS], a bordo, permitindo um teste rigoroso da sua função e eficácia”, explicou, citada na nota, a investigadora Catarina Silva.

A intervenção passará pela instalação e teste dos dispositivos electrónicos na frota de palangre e de arrasto e o desenvolvimento de modelos inteligentes de identificação automática de espécies, com recurso a inteligência artificial, “que aumentarão drasticamente a eficiência da recuperação de dados de EMS baseados em câmaras”, enfatizou.

Já o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) estará envolvido “no estudo da distribuição espacial e do habitat da megafauna marinha e da sua sobreposição com as actividades de pesca e redes fantasma, de forma a avaliar o risco de capturas acidentais nas frotas de pesca”, que operam na área abrangida pelo Reduce, revela uma nota publicada na página internet da UP.

O contributo do CIIMAR estende-se ainda à “avaliação dos impactos das capturas acessórias na abundância e viabilidade das populações”.

Para além do Porto, Coimbra e Barcelona, o consórcio integra, em Espanha, as universidades de Valência e Santiago de Compostela, o Conselho Superior de Investigações Científicas - a maior instituição pública espanhola e a terceira maior da Europa (e cujo edifício principal simulou a Casa da Moeda, nas primeira e segunda partes da série ‘A Casa de Papel’), o Centro Tecnológico do Mar de Pontevedra e as empresas Datafish e Biopolis.

São ainda parceiros o instituto público francês de Investigação para o Desenvolvimento, a Parceria Regional para a Conservação Costeira e Marinha da África Ocidental e o centro de investigação Marine Biological Association e a ONG BirdLife International, ambos do Reino Unido.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)