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Projecto monitoriza ave Borrelho-de-coleira-interrompida para estudar conservação de espécies de praias e zonas húmidas

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A Universidade de Coimbra (UC) apresentou um projecto europeu que aposta na monitorização da ave Borrelho-de-coleira-interrompida, para conservação de habitats e outras espécies selvagens que dependem das praias e zonas húmidas, anunciou a instituição. Intitulado 'Iberalex - Gestão sustentável de praias e zonas húmidas ibéricas: conservação do Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) como ferramenta para compatibilizar os usos humanos e a biodiversidade', o trabalho foi apresentado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Este projecto pretende utilizar o Borrelho-de-coleira-interrompida como uma espécie guarda-chuva e propõe um conjunto de acções que servirão para melhorar o seu estado de conservação no espaço transfronteiriço Espanha-Portugal”, refere, citado numa nota de imprensa da UC enviada à agência Lusa, o professor e investigador no DCV, Jaime Ramos. A ideia visa também “compatibilizar acções de conservação com actividades recreativas e extrativas humanas num cenário de alterações climáticas, evidenciado pelo aumento contínuo do nível do mar e pela erosão costeira”, acrescenta. Um espécie guarda-chuva é uma espécie cuja conservação implica necessariamente a preservação de outras espécies. Por norma, trata-se de espécies como predadores de topo que necessitam de grandes áreas de habitat ou de condições ecológicas particulares, pelo que a sua conservação implica que essas condições sejam salvaguardadas.

De acordo com o investigador do DCV, esta ave necessita de praias arenosas e de zonas húmidas em boas condições ecológicas para se reproduzir, dado ser muito sensível a perturbação humana e a predadores. Por isso, a perturbação humana excessiva nas praias, por exemplo na época balnear, implica que esta espécie deixe de se reproduzir nessas áreas. Também as mudanças de habitat, devido às alterações climáticas, implicam que a mesma fique com menos área disponível de praia para nidificar. “A conservação desta espécie implica que outras espécies no mesmo habitat tenham também condições adequadas para a sua sobrevivência. De igual forma, o aumento da predação muitas vezes está associado a actividades antropogénicas que provocaram alteração dos habitats e que devem ser controladas”, concluiu.

O Iberalex é um projecto financiado pelo Programa Interreg V Espanha-Portugal (POCTEP) 2023-2027 e tem a participação, além da Universidade de Coimbra, da Direcção Geral do Património Natural (Xunta de Galicia, Espanha), das universidades de Aveiro e das espanholas de Santiago de Compostela, da Extremadura e de Cádis e da associação portuguesa para a conservação da natureza Vita Nativa.

Esta ave, que se alimenta de invertebrados aquáticos e terrestres e pequenos peixes, pode ser observada ao longo de toda a faixa costeira, durante todo o ano. Nidifica sobretudo em complexos de salinas, mas também nas dunas do litoral. As principais áreas de ocorrência são os estuários do Tejo e Mondego, e a Ria de Aveiro. A Ria Formosa alberga uma boa parte da população invernante.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)