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Santa Casa da Misericórdia e Centro de Estudos Históricos da Lourinhã descobrem três tombos durante inventariação de arquivo

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Ao abrigo de um protocolo com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã (SCML) e o Centro de Estudos Históricos da Lourinhã (CEHL) estiveram no passado dia 10 de Agosto a fotografar três tombos que foram descobertos durante a inventariação ao arquivo desta misericórdia.

Desde Fevereiro deste ano que a direcção da SCML transferiu todo o seu arquivo para uma nova sala, com as condições ideais de armazenamento, situando-se agora no primeiro andar do edifício da Rua 25 de Abril e desde então está a ser feita a inventariação e preservação de todos os documentos.

Entre os cerca de 12 livros e os cerca de 15 mil documentos do Fundo Documental deste concelho, acervo da SCML, foram agora descobertos três tombos (inventário autêntico dos bens de raiz com todas as demarcações e confrontações). São eles a Gafaria de Santo André (leprosaria), a Albergaria do Corpo de Deus (hospital) e a Confraria de Santa Margarida. É mais um passo que estamos a dar no património e na cultura da SCML. São muito importantes até porque são muito anteriores a 1585, data da fundação da instituição e que vieram dar muito à constituição da mesma”, disse ao ALVORADA o membro da direcção, Pedro Quintans.

Ao abrigo do projecto da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que estuda a história das Santas Casas da Misericórdia do país, “vamos fazer a fotografia e a posterior publicação destes três tombos do início do século XVI, em pergaminho, escritos com uma letra gótica, um deles datado de 1507 e são talvez dos documentos mais antigos que temos no concelho”, disse Vanessa Henriques Antunes, investigadora da Universidade de Lisboa e membro do CEHL.

A lourinhanense afirmou estar a ser feita a edição fac-similada (reprodução exata dos documentos) dos três tombos, “onde vai aparecer exatamente a transcrição dos tombos para ser acessível a todos”. A edição irá também conter o estudo material dos mesmos, ou seja, “vamos estudar o tipo de tinta que foi utilizado, tipo de materiais utilizados no pergaminho e o tipo de pergaminho que é e toda esta investigação irá trazer-nos muita informação que não tínhamos até agora”.

Vanessa Henriques Antunes adiantou ainda ao nosso jornal que estes documentos vão possibilitar a caracterização mais aprofundada da história social da vila da Lourinhã desde 1585. “Daí estarmos a candidatar-nos ao Orçamento Participativo da Lourinhã (OPL) no sentido de pedir apoio para disponibilizar toda esta informação à comunidade”.

O projecto apresentado ao OPL pretende levar a cabo a preservação, digitalização e a disponibilização à comunidade de 600 anos de arquivo da SCML. “A salvaguarda e partilha dos mais de 2000 documentos antigos - desde o século XV e até meados do século XX - é uma oportunidade única de lourinhanenses e académicos desvendarem factos inéditos e de grande relevância para a história local e nacional, bem como conhecer a história e o valor da nossa gente”, é referido no projecto.

A publicação dos três tombos conta com o apoio do projecto ‘Hospitalis - Arquitetura hospitalar em Portugal nos alvores da Modernidade: identificação, caraterização e contextualização (PTDC/ART-HIS/30808/2017)’, sob a coordenação da investigadora Joana Pinho, e do projecto ‘BRIGHT: BRing the hIdden to the liGHT.Safeguarding unknown painting collections from 16th to 18th century through material and artistic analytical research to recognize Cultural Heritage fostering community and sustainable development’ sob a coordenação de Vanessa Henriques Antunes, ambos financiados pela FCT.

Trata-se de um trabalho de investigação multidisciplinar que envolve ainda a comunidade lourinhanense, como é o caso da investigadora Maria dos Anjos Luís, professora na Lourinhã, a do Centro de Estudos Históricos da Lourinhã, do ARTIS, Instituto História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; do Laboratório de Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física da Radiação do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa; do Laboratório Hércules da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora; do Laboratório José de Figueiredo da Direcção-Geral do Património Cultural; e do Instituto Politécnico de Tomar.

Texto e fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA