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Município da Lourinhã decreta luto municipal pelo falecimento de Isabel Mateus

Isabel Mateus

A Câmara Municipal da Lourinhã emitiu esta tarde uma nota de pesar pelo falecimento de Isabel Mateus, co-fundadora do Museu da Lourinhã, que faleceu ontem aos 70 anos, tendo recebido “a triste notícia” com “grande consternação”. A edilidade sublinha o seu papel pela fundação deste espaço cultural, “com os vários e importantes achados paleontológicos, que tanto têm contribuído para a projecção e afirmação da Lourinhã como a Capital dos Dinossauros e valorizado o património paleontológico do concelho, transportando o nome da Lourinhã para os panoramas nacional e internacional”.

O Município da Lourinhã recorda, a propósito, na nota enviada ao ALVORADA, o reconhecimento feito publicamente em 2018, com a entrega da Medalha Municipal de Honra - Classe de Ouro, pelo exemplo de dedicação e entrega de Isabel Mateus. “Em sua memória, reconhecimento e gratidão, determina-se luto municipal no dia 18 de Fevereiro de 2021, com colocação da bandeira a meia haste”, informa a autarquia, que apresenta sentidas condolências à família e amigos “desta ilustre cidadã do nosso concelho”.

Também o Museu da Lourinhã e o GEAL - Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã emitiu ontem uma nota de pesar pelo desaparecimento de Isabel Mateus, sócia honorária da associação. “Muito obrigada pelo contributo e dedicação ao Museu da Lourinhã, pelo trabalho em prol da defesa e da valorização do Património Natural e Cultural. As sentidas condolências à família”, expressa a instituição nas redes sociais.

Os filhos de Isabel Mateus, em mensagem publicada no blogue ‘Lusodinos - Dinossauros de Portugal’, lembram a mãe que foi "descobridora de ovos de dinossauro". Mãe de três filhos - Simão, Octávio e Marta -, Maria Isabel Dias Madeira Mateus, nasceu em Paleão, Soure, a 10 de Março de 1950, mudou-se sozinha com 19 anos para Lisboa, onde ingressou nos serviços administrativos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, ao mesmo tempo que completava, em horário nocturno, o ensino secundário no Liceu Francês Charles Lepierre. Aí, conheceu Horácio Mateus, por quem se apaixonou, e essa união trouxe-a para a Lourinhã em 1977.

“Já adulta e com os três filhos, tirou o curso pós-laboral de Arqueologia na Universidade Autónoma de Lisboa (1992). Em 3 de Abril de 1993, descobriu o ninho e embriões de dinossauros carnívoros ‘Lourinhanosaurus’ em Paimogo, um dos maiores e mais importantes, à data”, recordam os filhos. Faleceu após complicações provocadas por problemas cardíacos decorrentes de uma doença de infância, que já tinham implicado duas operações cirúrgicas ao coração. O gosto pelos dinossauros passou-os aos filhos, ao ponto de dois deles - Octávio e Simão - terem optado por ficarem profissionalmente ligados à paleontologia.

O funeral de Isabel Mateus vai decorrer esta quinta-feira, pelas 16h00, no Crematório de Santarém. Devido à pandemia provocada pela Covid-19 e às regras impostas pela Direcção-Geral da Saúde, as cerimónias fúnebres serão restritas à família.

Texto: ALVORADA
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)