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Dinossauro ‘Draconyx’ da Lourinhã é reestudado passados 20 anos

dinossaurodraconyx

Ao longo de 30 anos de trabalho de campo efectuado pelo Museu da Lourinhã, têm sido desenterrados uma diversidade de dinossauros do Jurássico Superior, armazenados a maior parte do material nas instalações do museu ou na exposição do Dinoparque Lourinhã. A maioria destes dinossauros encontra-se na Lourinhã ou em zonas próximas o que faz deste património natural um grande interesse para cientistas de todo o mundo.

Dentro desta grande variedade de descobertas, foi descrita em 2001, uma espécie enigmática de dinossauros bípedes herbívoros chamada ‘Draconyx loureiroi’, que intrigou os especialistas ao consistir principalmente num membro posterior com características muito particulares.

Após 20 anos, o explorador original do espécime, Carlos Anunciação, doou gentilmente o material adicional desta espécie ao Museu da Lourinhã. Filippo Maria Rotatori investigador da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA e do Museu da Lourinhã e os seus orientadores Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus, das mesmas instituições, perceberam de imediato a importância desta descoberta, pois estes novos ossos são da mão. “É provavelmente a mão mais completa deste tipo de animal do Jurássico na Europa”, disse Filippo Rotatori, que actualmente pesquisa a sistemática e a história evolutiva dos dinossauros herbívoros na Europa. “Quando vi o material pela primeira vez, entendi imediatamente que precisávamos dar uma vista melhor no espécime de Draconyx, que não era estudada há 20 anos”, adiantou.

Graças ao ‘Programa de Incentivo à Investigação Científica Horácio Mateus’ atribuído pelo Museu da Lourinhã, foi possível preparar os novos ossos e restaurar os antigos, e realizar a investigação que foi agora publicada no Zoological Journal of the Linnean Society.

As novas descobertas levam os cientistas a concluir que a anatomia da mão, juntamente com o membro posterior, é a de um animal bípede e ágil, que usava as mãos para agarrar os alimentos que comia. Este facto foi uma surpresa, já que os seus parentes mais próximos são animais de grande porte, que conseguiam andar sobre quatro patas graças a uma estrutura de mão modificada.

Segundo Filippo Rotatori, os resultados da pesquisa indicam que “ainda temos muito a descobrir sobre estes animais e ainda agora começámos a perceber a sua diversidade aqui em Portugal”. Essa descoberta também ressalva o papel fulcral de voluntários e colaboradores externos, como Carlos Anunciação, no apoio às instituições em actividades de pesquisa.

O holótipo de ‘Draconyx loureiroi’ pode ser visitado no Dinoparque Lourinhã.

Texto: ALVORADA
Illustração: Victor Carvalho