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Exposição de Carlos Bunga é atracção principal em museu canadiano

Carlos Bunga 2

Uma exposição de Carlos Bunga, artista que passou parte da sua adolescência na Lourinhã, onde estudou, é das principais atracções da temporada no Museu de Arte Contemporânea de Toronto (MOCA, na sigla inglesa), numa cidade que tem "demonstrado um grande ‘feedback’" pelo trabalho do artista português. A exposição 'A Sudden Beginning', localizada em dois dos cinco pisos do MOCA, vai estar em exibição até ao Verão. "Sinto boas energias. Desde a primeira vez que vim ao Canadá, em Outubro como orador numa palestra na Feira de Arte de Toronto, senti um ‘feedback’ enorme em relação ao meu trabalho. “Tenho uma ligação com as pessoas de Toronto e hoje é o momento de poderem desfrutar e ver esta exposição que vai ficar em exibição até ao Verão", afirmou Carlos Bunga.

O artista de 43 anos falava à agência Lusa, na quarta-feira à noite, durante a inauguração da nova programação de exposições do museu canadiano e que juntou centenas de visitantes e amantes de arte contemporânea. "Convidaram-me para apresentar uma exposição que não é uma mera escultura no espaço, não são apenas pinturas na parede, mas são peças que se apropriam do lugar, de uma maneira tentam fazer parte do lugar e da cultura", explicou.

A localização do museu numa área industrial no oeste da cidade de Toronto e a própria estrutura do edifício, uma antiga fábrica, foram factores que levaram a um "impacto positivo" na perspectiva do artista. As peças apresentadas na exibição "têm também um lado monumental", pois "convidam o público a entrar no museu e a sentir-se vivo", "não são peças só para serem contemplativas", mas sim para "serem experimentadas e vividas". "O cartão é um material banal utilizado na exposição que todas as pessoas conhecem pois é uma espécie de espelho da mortalidade, porque automaticamente assim que o vemos, ficamos ligados a ele", acrescentou.

Alem das instalações, localizadas no primeiro piso do MOCA (vertical) e no segundo piso (horizontal), encontram-se ainda em exibição peças em mobiliário que foram recuperadas na cidade de Toronto que "ficaram com uma espécie de uma nova vida", alvo de uma intervenção em termos de pintura. O artista realçou ainda a diferença com alguns artistas, que normalmente elaboram as obras nos estúdios e, neste caso, Carlos Bunga deslocou-se a Toronto para "preparar a exposição no local de exibição".

O português, actualmente a residir em Barcelona (Espanha), lançou ainda o repto à diáspora portuguesa de Toronto. "Esta é uma boa oportunidade para os portugueses poderem vir aqui verem o trabalho de um artista que se considera nómada, que também faz parte da diáspora, e de uma forma como as pessoas que aqui estão, uma pessoa que vive fora do seu país, todos os que estamos fora de Portugal acabamos de uma maneira sermos pequenos embaixadores. A comunidade portuguesa desperta-me muito carinho e emoção", apelou.

O curador da exposição, o luso-canadiano Rui Mateus Amaral, contou que já segue o trabalho do artista português há cinco anos e ao integrar a equipa do MOCA lembrou-se que "era o local ideal para o trabalho de Carlos Bunga", até porque a "comunidade portuguesa tem uma forte presença na área envolvente ao museu". A directora de programação do MOCA, November Paynter, destacou o trabalho "efémero e acessível" de Carlos Bunga, pois "todos o conseguem identificar".

O MOCA, localizado no número de 158 da Sterling Road, junto ao ‘Little Portugal’, recebeu 130 mil visitantes em 2019 e para este ano o objectivo passa por superar esta barreira.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados