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Motoristas da Rodoviária do Oeste avançam para greve esta segunda e terça por falta de acordo salarial com administração da empresa

Rodoviária do Oeste 4

A Rodoviária do Tejo, Oeste e Lis afirmou que não foi possível um acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) porque o aumento reivindicado, superior a 10%, “levaria a um acréscimo de custos incomportável para a empresa”. Em comunicado, a propósito da greve convocada para segunda e terça-feira, a administração da empresa afirma que a proposta que apresentou quinta-feira, de um aumento de 4,63%, representa “um esforço máximo de valorização do salário base” dos motoristas, “na tentativa de corresponder às expectativas dos trabalhadores”.

Afirmando manter ainda “expectativa de acordo” com o STRUP, a empresa afirma que, caso isso não aconteça, a atualização proposta será feita “por acto de gestão”, com efeitos a partir de 1 de Julho, “momento habitual da revisão”. “A empresa tem consciência da importância que a função motorista tem para a sua actividade e da necessidade de continuar a contribuir para a sua dignificação, não podendo, no entanto, colocar em causa a sua sustentabilidade económica”, afirma o comunicado.

Segundo a administração, “a empresa tem nos últimos anos actualizado o salário base de forma superior à inflação, ou equivalente a esta” e a revisão agora proposta “traduz-se num impacto significativo, não só pelo efeito directo que tem no salário base, mas também devido à repercussão que tem nas rubricas que lhe estão indexadas, nomeadamente horas extra, folgas, agente único e tempo de disponibilidade”.

Tendo em conta que parte dos motoristas (os que entraram depois da privatização da empresa) estão abrangidos pelo contracto colectivo de trabalho da ANTROP - Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros, a administração afirma aguardar, nesses casos, pela conclusão da negociação entre aquela associação do sector e o STRUP, comprometendo-se a aplicar “o que vier a ser acordado, no momento habitual de revisão (Março)”.

Por outro lado, contrariando o afirmado pelo STRUP no final da reunião realizada na quinta-feira, a administração afirma que as restantes categorias profissionais abrangidas pelo extinto acordo de empresa serão igualmente alvo de revisão salarial com efeitos a 1 de Julho, actualmente em fase de análise.

O STRUP anunciou na quinta-feira que os trabalhadores das Rodoviária do Tejo, do Lis e do Oeste mantêm a paralisação agendada para segunda e terça-feira, dada a ausência de acordo, e que, durante o fim-de-semana, serão realizados plenários para decisão sobre eventuais novas paralisações. Manuel Castelão, delegado do STRUP afirmou que a empresa subiu a sua proposta dos 639 euros para os 650, “bastante abaixo” do último valor avançado pelo sindicato, de 685 euros.

No comunicado divulgado, a empresa afirma que “actualmente, em média (14 meses), estes motoristas auferem já uma remuneração bruta mensal superior a 1.380 euros”.

Manuel Castelão afirmou à Lusa que a delegação da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) voltou a reunir-se com a administração, mas a proposta avançada por esta, embora superior à que foi rejeitada na passada terça-feira, continua a ser “inaceitável”, com a agravante de a empresa ter excluído do processo os trabalhadores não motoristas.

O delegado do STRUP afirmou que a empresa subiu a sua proposta dos 639 euros para os 650, “bastante abaixo” do último valor avançado pela FECTRANS, de 685 euros, igualando “o salário mais baixo” que é praticado pelo grupo Barraqueiro na Rodoviária em Coruche. Segundo Manuel Castelão, embora os motoristas constituam o principal grupo profissional da empresa, com cerca de 650 trabalhadores, é “de extrema injustiça a discriminação” feita ao excluir o pessoal da manutenção e os administrativos.

O sindicalista afirmou que vão ser realizados plenários de trabalhadores no sábado e no domingo, em Santarém e Alcanena (distrito de Santarém) e nas Caldas da Rainha e em Leiria (distrito de Leiria), sendo “natural que haja decisões de novas paralisações”, além das já agendadas para segunda e terça-feira da próxima semana.

Manuel Castelão adiantou que a administração decidiu aplicar o aumento anunciado a partir de 1 de Julho, considerando “vergonhoso” que, até lá, estes trabalhadores "fiquem a ganhar menos que o salário mínimo nacional". “São eles o rosto da empresa”, salientou, referindo o facto de serem exigidos a estes trabalhadores requisitos que os obrigam a um investimento inicial da ordem dos 3.000 euros, além de estarem sujeitos a horários de trabalho que os levam “a estar fora de casa entre 12 a 14 horas por dia, afastando-os das famílias”.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados