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Associação 'Just a Change' celebra em Óbidos 300 casas recuperadas por voluntários

justachance

A Associação 'Just a Change' assinala hoje, em Óbidos, a 300ª casa recuperada por jovens voluntários, que desde 2012 já ajudaram cerca de 600 pessoas e realizaram no país obras superiores a dois milhões de euros.

Reabilitamos casas de pessoas carenciadas e acreditamos que o fazemos de uma forma muito especial e que permite reconstruir a vida de quem lá vive”, disse o director executivo da Associação 'Just a Change', Simão Oom, em Óbidos, onde se assinala hoje a 300.ª obra realizada no país.

Sob o lema 'reabilitamos casas, reconstruímos vidas', a associação sem fins lucrativos, que começou a ajudar na melhoria de casas de pessoas carenciadas em Lisboa, alargou a sua acção a cerca de 20 concelhos do país, com o objectivo de erradicar a pobreza habitacional.

Uma casa sem condições “é um centro de problemas que tira oportunidades na vida”, afirmou Simão Oom, sublinhando que “quem não tem uma casa de banho dificilmente consegue ter um emprego, ou aqueles a quem chove na sala dificilmente têm alguém que queira lá ir jantar”.

A missão de transformar casas sem condições em habitações condignas atraiu, nos últimos 12 anos, cerca de 5.000 voluntários, nacionais e estrangeiros, na sua maioria estudantes universitários, responsáveis por obras cujo valor “ronda os dois milhões de euros”, precisou Constança Vasconcelos Dias, uma das responsáveis pelo projecto.

As verbas para a reconstrução são financiadas pelas autarquias e por parceiros institucionais ou empresariais e permitem intervir anualmente em cerca de 60 habitações, número que este ano se estendeu a 65 obras em curso.

Os beneficiários são escolhidos em parceria com a acção social das autarquias, abrangendo desde “idosos a viverem sozinhos, casos de problemas de adição, pessoas em situação de desemprego, pessoas que viveram situações traumáticas, famílias a quem foram retirados os filhos por falta de condições na casa e que, depois das obras, os recuperam”, exemplificou Simão Oom.

O projecto “vai além de reparar telhados, janelas e paredes”, sublinhou o mesmo responsável, acrescentando que a associação “tenta fazer a ponte com a acção social, no sentido de apoiar a procura de emprego, ou respostas para os problemas das pessoas”.

Além da vertente mais institucional, “há a amizade que fica entre os voluntários e as pessoas”, quando depois das duas semanas de voluntariado regressam às suas casas.

Já ofereceram telemóveis a pessoas que não tinham para poderem ligar a saber como estão, tentam seguir os casos dos anos anteriores quando regressam para nova intervenção”, contou Simão Oom, acrescentando que “num dos casos em que morreu uma das pessoas que tinham sido apoiadas a própria ligou a comunicar, porque fica este laço entre quem ajuda e quem é ajudado”.

No caso de Óbidos, o terceiro município a aderir ao projecto (depois de Lisboa e Ferreira do Zêzere), o laço vem desde 2016 e permitiu já reabilitar 23 habitações, abrangendo mais de meia centena de pessoas.

Este ano, 30 voluntários, entre os quais alguns espanhóis e dois eslovacos, estão no concelho até ao próximo dia 17, envolvidos na recuperação de mais três casas.

Nas seis edições do projecto realizadas em Óbidos (com apenas um interregno em 2020 devido à pandemia de Covid-19), a autarquia “comparticipou as obras com mais de 140 mil euros”, divulgou o presidente, Filipe Daniel.

Este ano, sem apoio de outros parceiros, as obras estão a ser financiadas pela Câmara, que duplicou o orçamento em relação ao ano passado, assumindo um investimento de 27 mil euros nas três habitações que estão a ser requalificadas.

Texto: ALVORADA com agência Lusa