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Anunciado em Torres Vedras novo programa de apoio a territórios culturalmente desfavorecidos

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A Direcção-Geral das Artes vai lançar, até ao final do ano, um programa de apoio a projectos artísticos em territórios de baixa densidade cultural, com uma dotação de um milhão de euros, anunciou ontem em Torres Vedras o director-geral.

As candidaturas para este programa de financiamento ’Arte e Coesão’ vão “abrir até Dezembro”, estando prevista uma dotação de um milhão de euros, disse o director-geral das Artes, Américo Rodrigues.

Com este programa, a DGArtes, “visa chegar aos territórios que menos oferta e criação cultural têm no país, ou seja, territórios de baixo índice cultural, que não têm companhias de teatro ou de dança ou de música, nem profissionais, nem amadores”, para promover a coesão territorial.

Queremos apoiar projectos que decorram nesses sítios mais ignorados pela dinâmica cultural”, sublinhou, acrescentando que “é a primeira vez” que vai haver apoio às artes para territórios desfavorecidos.

O programa, para o qual vai ser pedido o envolvimento do Ministério da Coesão Territorial, foi anunciado pelo director-geral das Artes na sessão de encerramento do primeiro encontro da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP), que decorreu ontem em Torres Vedras.

Américo Rodrigues afirmou que a RTCP “não pode ser apenas a soma de projectos”, mas tem de ter “como prioridade diária o trabalho de parceria”, aproximando criadores e agentes culturais.

Composta por 81 equipamentos associados e apoiando 39 projectos artísticos, a RTCP, para o director-geral, deverá crescer, integrando “programação de outros territórios” e “representar a diversidade” para “chegar a todos os públicos”.

O país ainda é muito desigual e urge ultrapassar essa desigualdade”, justificou.

A RTCP foi criada para combater as assimetrias regionais e para fomentar a "coesão territorial no acesso à cultura e às artes em Portugal", e assenta "na descentralização e na responsabilidade partilhada do Estado central com as autarquias e as entidades independentes", lê-se na página da DGArtes.

Cerca de 80 equipamentos culturais aderiram já à RTCP, entre auditórios municipais, casas de cultura, teatros e cineteatros, centros culturais e centros de artes.

Directores de teatros regionais defendem rede mais alargada e diversificada

Vários directores de teatros regionais defenderam ontem o alargamento da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP) a outras entidades, para aumentar e diversificar a oferta cultural.

Os desafios passam por alargar a outros teatros e que os mais velhos colaborem com os mais novos”, afirmou Sandra Nóbrega, directora do Teatro Municipal Baltazar Dias do Funchal, na ilha da Madeira.

Já para Rui Horta, coreógrafo e fundador d'O Espaço do Tempo, de Montemor-o-Novo, “esta rede vai crescer muito, vai ter mais teatros, mais cabimento de verba e vai qualificar-se mais no sentido das boas práticas”.

Os principais desafios desta rede é perceber de que forma podemos integrar todas as estruturas que existem no país e manter a diversidade cultural para não cairmos no mimetismo de todos os espaços terem a mesma oferta cultural”, disse por seu turno Gil Silva, director do Teatro das Figuras, de Faro.

A mesma opinião é partilhada por Filipe Faria, director da Arte das Musas, de Idanha-a-Nova: “O caminho é diversificar visões da cultura e mais agentes no terreno, para pensarmos de que forma podemos trazer mais pessoas para a cultura e para a arte”, disse.

Para estes agentes do sector, a RTCP, que é reclamada há duas décadas, “é importante” para aumentar a oferta cultural dos teatros de todo o país.

Já temos um orçamento municipal para a cultura e este apoio ainda irá ajudar a programar outros espectáculos e qualidade para aumentarmos a nossa oferta cultural”, disse Sandra Nóbrega, acrescentando que a rede vem também “promover a colaboração e partilha” entre os agentes culturais.

Esta rede vem atrasada para qualificar os espaços de criação e da inovação. É um factor enorme de qualificação do território. É uma abertura do horizonte, da qualificação que a cultura gera junto das populações isoladas”, afirmou o fundador d'O Espaço do Tempo, sublinhando a importância de haver financiamento para a programação.

É uma rede que já devia ter sido criada e vai permitir termos acesso a determinados conteúdos que, de outra forma, não tínhamos, porque estávamos condicionados aos nossos orçamentos e com a linha de financiamento existente que permite ter outra oferta cultural nos nossos territórios”, afirmou Gil Silva.

Já para o responsável de Idanha-a-Nova, a RTCP “permite a partilha de boas práticas e adaptar o que os outros fazem em cada território” e aproximar a cultura dos cidadãos.

Texto: ALVORADA com agência Lusa