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OesteCIM reúne Conselho Intermunicipal com localização do Hospital do Oeste envolvida em polémica

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Vai ser muito tenso o ambiente da reunião desta quinta-feira do Conselho Intermunicipal da OesteCIM - Comunidade Intermunicipal do Oeste, por causa das divisões entre autarcas em relação à localização do futuro Hospital do Oeste. Nesta sessão, com  início marcado para as 10h00 na sede da instituição, nas Caldas da Rainha, não consta na ordem de trabalhos esta questão, mas o assunto deverá ser trazido à baila no último ponto - outros assuntos de interesse intermunicipal - e não deverá ser consensual, ao contrário do que se tem vindo a registar ao longo dos anos. O presidente Pedro Folgado vai ter que gerir provavelmente a reunião mais difícil do órgão que preside desde o anterior mandato, quando se sabe que o ministro da Saúde prometeu uma decisão final do local da unidade hospitalar até 31 de Março.

A recente movimentação dos presidentes de câmara das Caldas da Rainha e de Óbidos, aos quais se juntou o edil de Rio Maior, que trouxeram para cima da mesa outra localização - na zona junto às oficinas municipais caldenses - mas que não foi alvo do estudo realizado pela Universidade Nova de Lisboa, não caiu bem aos autarcas do sul do distrito e, ainda, do Bombarral. Tanto mais que a adjudicação do estudo foi decidida por unanimidade pelos 12 autarcas a 16 de Outubro de 2020, pelo que a crítica assumida ao documento pelo eixo Caldas-Óbidos ao resultado final - que coloca o Bombarral no topo das preferências - não foi bem aceite pela generalidade dos restantes presidentes de câmara.

A presidente da Câmara de Torres Vedras, Laura Rodrigues, também líder da estrutura concelhia socialista, veio esta semana repudiar a posição dos homólogos das Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior, defendendo que o seu bairrismo não defende o interesse de todos os cidadãos da região Oeste. “Esta manifestação de Caldas e Óbidos é desagradável porque cria um divisionismo que vai prejudicar naturalmente todos os utentes e a decisão relativamente ao hospital”, afirmou à agência Lusa. A autarca sente-se confortável com a possibilidade do hospital ser construído no Bombarral, pois ficaria numa zona equidistante dos dois principais polos populacionais, Torres e Caldas, ligados pela A8, a 24 quilómetros.

Também o PSD/Área Oeste, em comunicado divulgado esta quarta-feira, considera que as movimentações em curso nas Caldas da Rainha e em Óbidos colocam em causa o processo de análise que está a decorrer na esfera do Ministério da Saúde, que anunciou a localização final do equipamento público até final de Março. Demarca-se assim da posição assumida pelas estruturas locais do partido dos dois concelhos oestinos do distrito leiriense, que são apoiados pelo líder da distrital de Leiria, o também caldense Hugo Oliveira, que defendem o hospital junto à cidade termal e encostado à Linha do Oeste.

Na conferência de imprensa realizada nos Paços do Município, o presidente do executivo camarário caldense, o independente Vítor Marques, e o de Óbidos, o social-democrata Filipe Daniel, lembraram que desde a divulgação do estudo que defendem o alargamento dos critérios e contestam as conclusões do documento que pode determinar que o hospital seja construído no Bombarral, deixando “depauperada a zona norte do Oeste”. Vítor Marques alega que Caldas da Rainha é o melhor local para a construção do novo hospital, até pelas raízes históricas que advêm do Hospital Termal, estando convicto - tal como o seu colega obidense - que os dois concelhos “constituem o eixo em torno do qual giram as dinâmicas socioeconómicas da região do Oeste”. Questionado pelo ALVORADA sobre a distância a que ficariam os concelhos do sul, nomeadamente Torres Vedras (a 41 km), o autarca justificou para a existência nesta cidade de hospitais privados e de estar mais perto das unidades hospitalares da Área Metropolitana de Lisboa e que assim poderiam receber os doentes.

Entretanto, o Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha recebe este sábado a sessão/debate ‘Cuidados hospitalares no Oeste - um novo Hospital’ numa organização dos municípios das Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior. A iniciativa, a iniciar pelas 21h00, vai contar a intervenção de especialistas em áreas como o planeamento urbano, saúde e economia e de representantes das Assembleias Municipais dos três concelhos. A sessão contará ainda com intervenções dos três presidentes de câmara.

Quem ainda não se manifestou publicamente sobre estes últimos acontecimentos foi o presidente da Câmara Municipal do Bombarral e também líder da concelhia socialista, Ricardo Fernandes, que desde a primeira hora apresentou como melhor localização do futuro hospital, os terrenos municipais da Quinta do Falcão, junto ao Estádio Municipal e praticamente colado ao nó de acesso sul da A8. E foi esta a localização que ficou em primeiro lugar na preferência do estudo da Universidade Nova de Lisboa.

Texto: ALVORADA
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)