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PJ estima que estrutura que criava burla 'olá pai, olá mãe' prejudicou vítimas em cerca de 40 mil euros

PJ

A estrutura responsável por milhares de burlas informáticas 'olá pai, olá mãe' que foi desmantelada pela Polícia Judiciária (PJ) causou um prejuízo de cerca de 40 mil euros às vítimas, adiantou hoje a força de segurança.

Numa conferência de imprensa realizada na sede da PJ, em Lisboa, o director do Departamento de Investigação Criminal (DIC) de Leiria da PJ, Avelino Lima, referiu que a primeira denúncia surgiu em Janeiro, com uma burla de quase 500 euros, mas outra burla associada ao inquérito ascendia a 10 mil euros, sublinhando os “valores muito altos, que, todos somados, atingem proporções assustadoras”. “Neste inquérito já estão sete inquéritos apensados e falamos na ordem dos 40 mil euros de lesão daquelas vítimas. Já foram identificados só na PJ quase mais duas dezenas de inquéritos. Todo este trabalho será agora complementado com informações dos outros órgãos de polícia criminal. Aí poderemos ter uma dimensão mais concreta e será de elevadíssima dimensão o número de burlas”, frisou.

Na operação hoje divulgada, a PJ deteve um cidadão estrangeiro de 38 anos suspeito dos crimes de burla qualificada, associação criminosa e branqueamento de capitais, tendo também sido constituídas arguidas a mulher e a filha do indivíduo. Foi também apreendido equipamento digital que permitia o envio de milhares de comunicações em simultâneo, sobretudo a partir da aplicação Whatsapp. “A complexidade destas investigações é elevada, porque isto não se cinge a Portugal. Estamos a falar de criminalidade organizada, complexa e à escala planetária”, explicou Avelino Lima, que avisou também para a importância de as vítimas comunicarem mais rapidamente com as autoridades: “o importante no imediato é denunciar e não esperar dias. Se fizerem uma denúncia imediata há possibilidades de suster aquele fluxo financeiro”.

O director do DIC de Leiria deixou ainda um alerta à população para não cair neste tipo de esquemas fraudulentos e para estar mais atenta aos cuidados necessários nas interacções com desconhecidos em ambiente digital, ao lamentar que a “memória do povo parece ser muito curta” e que acaba por cair nos mesmos erros. “Estamos a falar de algo que infelizmente não estamos a conseguir suster, porque a nossa comunidade nada está a fazer em termos das medidas preventivas e dos cuidados que se impõe ter quando estamos a lidar com ambientes económicos. Os nossos concidadãos continuam a acreditar que vão ganhar dinheiro por andar a responder a mensagens”, disse, apelando ao bloqueio dos números e à comunicação às autoridades.

Avelino Lima notou ainda a existência de “outro modus operandi de burlas que está a surgir com grande quantidade” em Portugal, no qual as pessoas reagem a vídeos ou conteúdos online para ganhar alguns euros, mas que depois exigem investimentos avultados para terem acesso a (inexistentes) proveitos de maior dimensão, redundando em “burlas de valores astronómicos”. Segundo o responsável, o suspeito estava em território nacional desde Setembro e obtinha os seus rendimentos a partir desta actividade. A investigação vai continuar, procurando identificar possíveis relações criminosas fora do país, e o detido é presente hoje a primeiro interrogatório judicial, para a eventual aplicação de medidas de coacção.

Texto: ALVORADA com agência Lusa