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Covid-19: Governo compromete-se com divulgação de dados por concelhos

Lacerda Sales

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde admitiu hoje que a divulgação dos dados Covid-19 por concelhos é “importante” e reiterou o compromisso de passar a divulgá-los aos autarcas para que “saibam com o que contam”.

“Ontem [terça-feira] a senhora directora-geral comprometeu-se que a Direcção-Geral da Saúde, até ao final desta semana, transmitiria esses dados”, disse António Lacerda Sales que falava aos jornalistas em Valongo. O governante admitiu que esta é “uma matéria importante para os autarcas saberem com o que contam”. “Os autarcas têm sido parceiros inexcedíveis e por isso têm de ter toda a informação”, referiu.

António Lacerda Sales está hoje no distrito do Porto onde visita os centros de rectaguarda Covid-19 montados quer para doentes infcetados, no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde, concelho de Valongo, quer na Pousada da Juventude, no Porto, este para 'não-Covid'. A agenda também inclui uma reunião presidentes das Comunidades Intermunicipais da Região Norte e Presidente da Área Metropolitana Porto.

Questionado se entre a ordem de trabalhos para esta reunião está o tema dos dados por concelho, Lacerda Sales admitiu que essa “será uma das matérias a abordar”. Em causa está o facto do número de casos por concelho não ser publicados há duas semanas, situação que já motivou críticas por parte de autarcas, nomeadamente a Norte.

Questionado sobre esta matéria, o presidente da Câmara Municipal de Gondomar, que é também presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil do Porto, Marco Martins, revelou que tem recebido dados “diariamente” através do Agrupamento de Centros de Saúde Local, elogiando o facto de receber números de casos diários e não os “acumulados”. “Ao contrário da primeira vaga, recebo dados diários por canais locais. E recebo dos casos activos. O que a DGS [Direcção-Geral da Saúde] divulgava nos boletins era o número de casos acumulados. Não há qualquer interesse em sabermos os números que temos desde Março no território, temos é de saber o número de casos activos”, referiu o autarca, que acompanhou o governante na visita. Marco Martins disse ter “feedback da maioria dos autarcas” de que “o que importa é saber o que está activo e não o histórico”. “Não me importa em Gondomar saber se desde o início da pandemia já tive 3.000 pessoas [infectadas]. Importa saber que à data de ontem [terça-feira] tinha 1.680 positivos e mais de 2.800 em vigilância. O histórico, com todo o respeito pela DGS, não interessa para nada. Acho que esta é uma falsa questão”, considerou.

Na terça-feira, o jornal ‘Expresso’ noticiou que o sigilo relativo aos dados de novos casos de Covid-19 desagregados por concelho está a preocupar os autarcas do Norte, que dizem sentir-se de mãos atadas para agir localmente sem conhecer a origem dos novos casos activos. “É absolutamente indispensável para que se possa agir com celeridade”, considerou o presidente da Câmara Municipal de Espinho, em declarações ao semanário.

Também o autarca da Póvoa de Varzim, o social-democrata Aires Pereira, considerou que “sem a origem das novas infecções” não consegue “ajudar a estancar a propagação, nem as forças policiais podem fiscalizar se quem está sob vigilância sanitária cumpre ou não o isolamento”. “Só poderei partilhar qual o impacto das medidas quando receber o relatório detalhado”, disse, por sua vez, a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, autarca que há dias semanas pediu ao Governo para implementar medidas de prevenção mais severas no seu concelho, o qual registava mais de mil casos activos e mais de 3000 residentes sob vigilância.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,26 milhões de mortos no mundo desde Dezembro do ano passado, incluindo 3.103 em Portugal.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: agência Lusa