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Covid-19: Portugal apresenta o índice de transmissibilidade mais baixo da Europa

Covid 19

Portugal apresenta actualmente o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 “mais baixo da Europa”, com um valor estimado para os últimos cinco dias de 0,74 para o território nacional, revelou hoje o investigador Baltazar Nunes.

“Continuamos a apresentar o Rt mais baixo da Europa e com uma incidência já perto dos 120 [novos casos] por 100 mil habitantes”, afirmou o epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) na reunião realizada no Infarmed, em Lisboa, que junta especialistas e políticos para a análise e avaliação da situação epidemiológica do país.

Contudo, o investigador do INSA, que integra o grupo de peritos que presta apoio ao Governo na tomada de decisões no âmbito da pandemia de Covid-19, sublinhou que a “tendência de decréscimo [da incidência] tem vindo a desacelerar” e alertou que o índice de transmissibilidade está “abaixo de 1 em todo o continente, mas superior a 1 nas regiões autónomas” da Madeira e dos Açores.

Com efeito, em termos de índice de transmissibilidade, a região Centro apresentou um Rt de 0,68, Lisboa e Vale do Tejo registou 0,70, o Alentejo observou 0,72 e o Norte e o Algarve tiveram um Rt de 0,75. Simultaneamente, foi estimado para os Açores um valor de 1,14 e para a Madeira de 1,24, apesar de Baltazar Nunes ter admitido a possibilidade de desvio nos números estimados para a região madeirense.

Sobre a estratificação da incidência de novos casos por grupos etários, Baltazar Nunes indicou que a comparação entre a primeira e segunda quinzena de Fevereiro apontam para “uma redução mais acentuada da incidência entre os 20 e os 50 anos e na população com mais de 80 anos, onde se observa o decréscimo mais acentuado”, notando ainda que as projecções da incidência para Março se mantêm, com uma incidência inferior a 120 casos por 100 mil habitantes na primeira quinzena e inferior a 60 na segunda quinzena deste mês.

De acordo com o epidemiologista do INSA, a Europa registou recentemente um aumento dos índices de mobilidade, embora Portugal tenha os níveis mais reduzidos a nível europeu, uma vez que continua a ser dos países com algumas das medidas mais restritivas de confinamento.

Por outro lado, Baltazar Nunes salientou uma evolução mais positiva do que aquela que era esperada para o internamento de doentes com Covid-19 em unidades de cuidados intensivos (UCI), que apontava para um número abaixo de 300 em meados de Março e abaixo de 200 no final do mês.

“As projecções de doentes em UCI falharam por excesso, o que é bom. Actualmente, a meio de Março, projecta-se uma ocupação de cuidados intensivos de 240 doentes e, no final de Março, mantendo-se esta tendência, projecta-se uma ocupação de 120 doentes covid internados em cuidados intensivos no final de Março”, concluiu.

Em Portugal, morreram 16.540 pessoas dos 810.094 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.

Portugal mantém a tendência de descida de novos casos de Covid-19, sendo a incidência, no domingo, de 141 casos por 100 mil habitantes, disse hoje André Peralta, que apontou também um aumento da incidência da variante inglesa no país.

Relativamente à nova variante associada ao Reino Unido, o investigador da Direcção-Geral da Saúde (DGS) afirmou que se observa “um crescimento da incidência” com maior expressão na Região de Lisboa e Vale do Tejo, com aproximadamente 66% casos positivos, mas com um crescimento na região Centro e na região Norte com uma prevalência superior a 50% actualmente.

“Vemos desde a última reunião do Infarmed que houve uma manutenção da tendência de descida [de novos casos] e a incidência de Portugal ao dia de ontem [domingo] era de 141 casos por 100 mil habitantes”, adiantou o director de Serviços de Informação e Análise da Direcção-Geral da Saúde (DGS), na reunião no Infarmed.

Analisando a dispersão geográfica da incidência, André Peralta adiantou que se observa “uma melhoria de acordo com os patamares do ECDC [Centro Europeu de Controlo de Doenças] da incidência a nível nacional, com grande parte do território já com incidências inferiores a 120 casos por 100 mil habitantes”.

Segundo o investigador, a Região de Lisboa e Vale do Tejo, algumas partes da Região Centro e da Região do Alentejo continuam com incidências superiores a 120 casos por 100 mil habitantes.

“Quando observamos a variação da incidência de forma geral o país continua com uma tendência decrescente, uma variação de incidência negativa, apesar de alguns municípios esporadicamente terem variações positivas da incidência, mas dispersos um pouco por todo o território, mais no interior, mas comum número reduzido”, salientou.

De acordo com André Peralta, as incidências de Covid-19 também estão a descer em todas em todas as idades, continuando o grupo etário com 80 ou mais anos com a “incidência mais alta” e o grupo dos 60, 70 e 70, 80 continuam a ter uma incidência menor e são dos grupos mais protegidos.

Em termos de evolução dos internamentos e internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos mantém-se a tendência de descida com 354 casos em unidade de cuidados intensivos semelhante à primeira semana de Novembro.

O internamento em enfermaria é em maior número no grupo etário dos 80 mais, seguido dos 70, 79, 60, 69 e vai decrescendo à medida que a idade também diminui.

Nos internamentos em cuidados intensivos o padrão é diferente e o grupo etário com maior número de casos é o dos 60 aos 69, o que André Peralta considerou “particularmente relevante”, porque à medida que se for vacinando a população de 80 a mais, terá “grande impacto na mortalidade”.

“Para termos impacto na redução da utilização de cuidados intensivos teremos que aguardar até que a vacinação se alargue e tenha grande expressão dos grupos mais de 50 anos”, defendeu.

Relativamente à mortalidade, também se mantém a tendência de descida, com 56 mortos por milhão de habitantes, sendo semelhante à terceira semana de Outubro.

A pandemia de Covid-19 provocou em Portugal 16.540 pessoas dos 810.094 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.

Texto: ALVORADA com agência Lusa