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Covid-19: Presidente da República apela à prudência e sensatez na Páscoa para não se inverter tendência de contenção da pandemia

Marcelo Rebelo de Sousa 25032021 Lusa

O Presidente da República apelou hoje à prudência e sensatez dos portugueses no período da Páscoa para não se inverter a tendência de contenção da Covid-19 e se conseguir um esbatimento antes do Verão.

Numa declaração ao país, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou a mensagem que deixou no seu discurso de posse para um segundo mandato presidencial sobre um desconfinamento com sensatez: "Como eu disse no dia 9 de Março, é preciso sensatez. E, desde já, sensatez durante a semana da Páscoa".

"Portugueses, estamos mais perto do que nunca, mas ainda não chegámos à meta que desejamos: um Verão e um Outono que representem mesmo o termo de mais de um ano de vidas adiadas, de vidas atropeladas, de vidas desfeitas", afirmou o Chefe de Estado. "Há ainda caminho a fazer, há ainda precaução a observar, há ainda moderação a manter. Tudo a pensar no próximo desafio que se nos impõe: reconstruir tudo aquilo que a pandemia destruiu", acrescentou.

O Domingo de Páscoa será a 4 de Abril. Marcelo Rebelo de Sousa realçou que este é "um tempo de encontro familiar intenso, em particular, em certas áreas do continente e das regiões autónomas". "Por outro lado, a renovação do Estado de Emergência que eu hoje decretei vai vigorar até ao dia 15 de Abril, ou seja, para além do tempo pascal. E aí haverá mais escolas, mais actividades económicas e sociais abertas e muito, muito maior circulação de pessoas", salientou.

Segundo o Presidente da República, é preciso assegurar que o desconfinamento decorre sem que "os números de infectados, de cuidados intensivos e de mortos, assim como o indicador de transmissão ou contágio" aumentem invertendo a tendência dos últimos dois meses, para se conseguir "o esbatimento" da Covid-19 no país "antes do Verão". "São apenas umas semanas, mas umas semanas que bem podem valer por muitos meses e anos ganhos na vida de todos nós. E comecemos já pela Páscoa, antes ainda das aberturas de Abril e Maio. Com prudência, com sentido de solidariedade, com esperança acrescida de futuro. Portugal merece-o. Todos nós, portugueses, o merecemos", reforçou.

Referindo-se às confissões religiosas que vão celebrar a Páscoa, Marcelo Rebelo de Sousa observou que sabem "melhor do que ninguém" como é vivida a Páscoa e considerou que "têm sido exemplares na protecção da vida e da saúde".

Esta é segunda vez que o Presidente da República deixa uma mensagem sobre o período da Páscoa numa declaração ao país após renovar o Estado de Emergência.

Em 25 de Fevereiro, o Chefe de Estado pediu que se estudasse e preparasse com tempo o futuro desconfinamento, para não se repetir erros, e aconselhou que essa reabertura não fosse feita "a correr" e que se evitasse "abrir sem critério antes da Páscoa, para nela fechar logo a seguir, para voltar a abrir depois dela". Marcelo Rebelo de Sousa argumentou na altura que "a Páscoa é um tempo arriscado para mensagens confusas ou contraditórias" e concluiu que "é pois uma questão de prudência e de segurança manter a Páscoa como marco essencial para a estratégia em curso".

No seu discurso de posse para um segundo mandato, em 9 de Março, o Presidente da República apontou os seguintes objectivos para o combate à propagação da Covid-19 em Portugal: "Estancar o número dos nossos mortos, baixar a contaminação, ampliar a vacinação, a testagem e o rastreio, evitar nova exaustação das estruturas de saúde e dos seus heróis, desconfinar com sensatez e sucesso". "Reduzir o temor, reforçar a confiança, recuperar os adiamentos nos doentes não-Covid, estabilizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), permitir de forma duradoura a reconstrução da vida das pessoas", completou, perante a Assembleia da República, acrescentando que esta seria a sua prioridade "mais imediata" e prometendo actuar "em espírito da mais ampla unidade possível, num tempo de inevitáveis cansaço e ansiedade".

Em Portugal, já morreram mais de 16 mil pessoas com Covid-19 e foram contabilizados até agora mais de 819 mil casos de infecção com o novo coronavírus que provoca esta doença, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.

Presidente da República quer testagem, rastreio e mais rápida vacinação

O Presidente da República defendeu que é fundamental haver testagem e rastreio, desde logo nas escolas, e mais rápida vacinação contra a Covid-19 para o processo de desconfinamento em curso ser bem-sucedido. "É este o nosso desafio imediato, a começar nos próximos dias até à Páscoa", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Chefe de Estado afirmou que "um desconfinamento bem-sucedido exige testar e rastrear, desde logo, as escolas que já abriram e aquelas que irão abrir depois da Páscoa", o que, observou, representa "um esforço enorme, mas essencial para garantir a confiança e reforçar a segurança". Segundo o Presidente da República, "um desconfinamento bem-sucedido exige, também, vacinar mais e mais depressa". "Testemos, vacinemos, mas cumpramos também as regras sanitárias, contendo o risco de infecção", acrescentou.

Nesta mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa apelou à sensatez e prudência dos portugueses, em especial no período da Páscoa, no início de Abril: "Testar, rastrear e vacinar são essenciais para um desconfinamento bem-sucedido, mas não bastam".

O Presidente da República referiu-se ao "atraso no fornecimento de vacinas" no quadro europeu que obrigou a reajustamentos no calendário de vacinação definido no final do ano passado. "Esperamos que esta questão possa ser finalmente ultrapassada durante o segundo trimestre, ou seja, já a partir de Abril. E que, naquilo que de nós dependa, tudo façamos para recuperar o tempo decorrido, convertendo o milhão de primeira toma e o meio milhão de duas tomas de agora nos 70% de imunizados em Setembro", declarou.

Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa mencionou as "decisões individuais de vários Estados da União Europeia" de suspender a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca - que Portugal também deixou de aplicar durante alguns dias, até à Agência Europeia do Medicamento se pronunciar sobre esta matéria considerando que os benefícios da vacina superam os riscos. De acordo com o Chefe de Estado, "esta questão acabou por ser resolvida com a intervenção da Agência Europeia do Medicamento, que confirmou a segurança e a eficácia da vacina suspensa".

Nesta mensagem ao país, o Presidente da República recordou uma passagem do seu discurso de posse para um segundo mandato, no dia 9 de Março, perante o Parlamento, sobre o processo desconfinamento, após cerca de dois meses com um dever geral de recolhimento e o encerramento de um conjunto de actividades, serviços e estabelecimentos, incluindo as escolas. "Há duas semanas, na Assembleia da República, lembrei o que todos queremos: que o desconfinamento seja sensato e bem-sucedido. E acrescentei: com testagem, rastreio e vacinação", disse.

No seu discurso de posse, Marcelo Rebelo de Sousa apontou os seguintes objectivos para o combate à propagação da covid-19 em Portugal: "Estancar o número dos nossos mortos, baixar a contaminação, ampliar a vacinação, a testagem e o rastreio, evitar nova exaustação das estruturas de saúde e dos seus heróis, desconfinar com sensatez e sucesso". "Reduzir o temor, reforçar a confiança, recuperar os adiamentos nos doentes não-covid, estabilizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), permitir de forma duradoura a reconstrução da vida das pessoas", completou, acrescentando que esta seria a sua prioridade "mais imediata" e prometendo actuar "em espírito da mais ampla unidade possível, num tempo de inevitáveis cansaço e ansiedade".

O Presidente da República decretou hoje pela 14.ª vez o Estado de Emergência - um quadro legal que permite a suspensão de direitos, liberdades e garantias - para permitir medidas de contenção da Covid-19 em Portugal. Ao abrigo do Estado de Emergência, o Governo impôs um dever geral de recolhimento domiciliário e o encerramento de um conjunto de actividades, estabelecimentos e serviços, desde 15 de Janeiro.

A partir de 22 de Janeiro, os estabelecimentos de ensino foram encerrados, primeiro com uma interrupção lectiva por duas semanas, e depois com aulas em regime à distância. A reabertura de actividades, que decorrerá por fases, começou em 15 de Março, pelas creches, ensino pré-escolar e primeiro ciclo do básico, comércio ao postigo e estabelecimentos de estética como cabeleireiros.

O plano de desconfinamento do Governo prevê novas fases de reabertura em 5, 19 de Abril e 3 de Maio, mas as medidas podem ser revistas se Portugal ultrapassar os 120 novos casos diários de infecção com o novo coronavírus por 100 mil habitantes a 14 dias ou, ainda, se o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 ultrapassar 1.

A deslocação entre concelhos para a generalidade da população continuará interdita nos fins-de-semana e na semana da Páscoa, entre 26 de Março e 5 de Abril, e o dever de recolhimento domiciliário irá vigorar também até à Páscoa.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)