Pesquisa   Facebook Jornal Alvorada

Assinatura Digital

Mortos nas estradas em Portugal diminuíram mas equivalem à queda de "três aviões" alerta ANSR

ANSR 2

O presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária alertou hoje que o número de vítimas mortais na sinistralidade rodoviária em Portugal, apesar de estar a diminuir, equivale à queda de “três aviões, todos os anos” no país.

“Todos os anos morre nas estradas portuguesas um conjunto de pessoas equivalente a três aviões que caíssem”, disse Rui Ribeiro, presidente da ANSR. Segundo o responsável, que participou hoje nas acções em Évora para assinalar o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, a sinistralidade rodoviária “é uma consciencialização de cada um” e “de todos”. “Continuamos a conviver com esta pandemia [da sinistralidade rodoviária] com alguma tranquilidade e, efectivamente, cabe a cada um de nós, cabe a todos nós, zelar pela protecção das nossas vidas, das pessoas que amamos e vão connosco no carro e dos outros”, avisou.

Rui Ribeiro frisou aos jornalistas que é preciso essa atenção, apesar de a sinistralidade rodoviária estar “a diminuir consistentemente em termos de vítimas mortais nos últimos anos”. Devido à pandemia de Covid-19 e às restrições que a mesma implicou, “2020 foi um ano atípico”, mas neste ano, que já é “um ano típico”, os números em Portugal estão “ao mesmo nível do que no ano passado”, indicou.

O Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada é assinalado hoje, tendo as comemorações nacionais incluído, em Évora, diversas iniciativas, como uma concentração na Praça do Giraldo e marcha lenta até ao Jardim da Memória, com uma sessão solene. A marcha lenta do evento, organizado pela Liga das Associações Estrada Viva e pela Associação Gare, contou com a participação de dezenas de pessoas, não apenas a pé, mas também de mota. A presidente da Gare, Filomena Araújo, destacou à agência Lusa tratar-se de um dia “importantíssimo”, porque serve “para lembrar as vítimas da estrada”, que “são vidas ceifadas evitáveis e que deixaram muita gente também destroçada”.

A efeméride fica este ano marcada pelo lançamento oficial da petição ‘Cidades Seguras para Todos’, que pede a redução da velocidade máxima nos centros urbanos dos actuais 50 para 30 quilómetros/hora. “A redução de 50 para 30 quilómetros/hora da velocidade nas localidades nas zonas com peões é importante e pode ajudar a reduzir a sinistralidade”, além de que “o tempo de reação é completamente diferente e, por isso, pode reduzir o impacto na saúde de eventuais atropelamentos”, defendeu Filomena Araújo.

O presidente da ANSR também considerou que esta é uma questão “fundamental e importante”, que deve avançar, mas em conjunto com “medidas de acalmia do trânsito nas estradas”, para impedir prevaricações da parte dos condutores. “A probabilidade de sobrevivência a um atropelamento a 30 quilómetros por hora é cerca de 80%, o que quer dizer que oito em cada 10 pessoas sobrevivem”, enquanto o cenário “quase que se inverte” num acidente a 50 quilómetros por hora: “A probabilidade de sobreviver é de 10%, ou seja, nas mesmas 10 pessoas, uma sobrevive”, exemplificou.

Segundo o relatório de sinistralidade rodoviária publicado em Agosto pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, entre Janeiro e Agosto, registaram-se 17.668 acidentes com vítimas no continente, dos quais resultaram 242 vítimas mortais, 1.261 feridos graves e 20.630 feridos leves. A ANSR avançou que as vítimas mortais diminuíram 5,5% (menos 14) em relação ao período homólogo de 2020, mas os acidentes com vítimas aumentaram 3,7% (mais 629), os feridos graves subiram 4,6% (mais 55) e os feridos ligeiros subiram 4% (mais 784).

Segurança rodoviária deve continuar a ser "desígnio nacional"

O Governo defendeu que a segurança rodoviária “é e deve continuar a ser” assumida como um "desígnio nacional", associando-se à celebração do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.

A iniciativa criada pela Federação Europeia de Vítimas da Estrada e posteriormente oficializada como Dia Mundial pelas Nações Unidas, realiza-se todos os anos no terceiro domingo de Novembro e tem como objectivo “lembrar as pessoas que perderam a vida ou a sua saúde nas estradas, assim como prevenir a ocorrência de mais acidentes”, lê-se num comunicado do Ministério da Administração Interna (MAI). “Ainda que o número de vítimas das estradas tenha diminuído de forma significativa nos últimos anos em Portugal, não nos podemos conformar”, adianta. Nesse sentido, a segurança rodoviária “é e deve continuar a ser assumida como uma prioridade e como um desígnio nacional”, lembra.

O comunicado refere ainda que os acidentes de trânsito são “eventos repentinos e violentos”, com “consequências trágicas, duradouras” e com “elevados custos familiares, sociais e económicos". Por isso, esta data deve ser vista também como uma “oportunidade para reflectir sobre o que fazer para salvar vidas e para nos fazer, a todos nós, enquanto cidadãos, adoptar comportamentos responsáveis”, contribuindo assim para a "promoção da segurança rodoviária" e para a "diminuição da sinistralidade nas estradas", lê-se na nota distribuída.

A secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, associou-se à celebração do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, acrescenta ainda o comunicado do MAI. Diversas associações assinalaram hoje o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada com uma marcha lenta em Évora, uma vigília frente ao Parlamento em Lisboa e o lançamento de uma petição pela redução da velocidade nas cidades. “A evocação pública da memória daqueles que perderam a vida e a saúde nas estradas e ruas portuguesas significa um reconhecimento, por parte do Estado e da sociedade, da trágica dimensão da sinistralidade, e ajuda os sobreviventes a conviver com o trauma de memórias dolorosas resultantes de desastres rodoviários. Presta também homenagem às equipas de emergência, à polícia, aos profissionais médicos e outros que diariamente lidam com as consequências traumáticas da sinistralidade”, lê-se num comunicado dos organizadores, concretamente a Liga das Associações Estrada Viva e pela Associação Gare.

Texto: ALVORADA com agência Lusa