Portugal passa a ter Capital Portuguesa da Cultura a partir de 2024
- Sociedade
- 07/12/2022 18:32
Portugal passará a ter, a partir de 2024, anualmente, uma Capital Portuguesa da Cultura, cujas três primeiras já estão escolhidas - Aveiro, Braga e Ponta Delgada -, anunciou hoje o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
"Respondendo a um apelo, que me foi feito pelos quatro autarcas [das cidades finalistas da escolha portuguesa para Capital Europeia da Cultura 2027], criaremos a figura da Capital Portuguesa da Cultura, que nas três primeiras edições - 2024, 2025 e 2026 - serão as três cidades que não foram escolhidas hoje", afirmou Pedro Adão e Silva, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, na conferência de imprensa do anúncio da cidade vencedora, que será Évora.
Segundo o ministro, o Governo, "numa colaboração [do Ministério da Cultura] com os ministérios da Economia e da Coesão Territorial, apoia com dois milhões de euros o programa da Capital Portuguesa da Cultura, [apoio] que se repetirá por três anos".
Esta decisão é, de acordo com Pedro Adão e Silva, "um reconhecimento merecido do trabalho feito, mas também uma aposta no futuro". "Em 2027 não teremos Capital Portuguesa da Cultura, porque haverá Capital Europeia da Cultura em Portugal, mas em 2028, com concurso aberto, haverá uma quinta cidade".
Este anúncio de Pedro Adão e Silva pode ser entendido como resposta a uma proposta que as quatro cidades finalistas do processo de Capital Europeia da Cultura em 2027 fizeram ao Governo há escassos meses. Em Outubro, fonte oficial do Ministério da Cultura disse que Pedro Adão e Silva recebeu os presidentes das câmaras de Aveiro, Braga, Évora e Ponta Delgada a 28 de Julho, tendo sido "encontrado um modelo de financiamento destinado a apoiar a cidade vencedora". Na reunião, os autarcas manifestaram interesse "na existência de alguma forma de apoio às cidades derrotadas", referiu o ministério.
Em Outubro, em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Braga, o social-democrata Ricardo Rio, disse que foi proposto que se recuperasse o estatuto de Capital Nacional da Cultura, com o objectivo de garantir a concretização de grande parte da programação prevista pelos três municípios que não ganharem a corrida para Capital Europeia da Cultura.
À Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Évora, o comunista Carlos Pinto de Sá, escusou-se a entrar em detalhes sobre o discutido na reunião de Julho, mas afirmou: "Nós tivemos aqui quatro cidades a trabalhar intensamente, não é justo, havendo uma que ganhe, se perca o trabalho das outras três. Há possibilidades de, em termos nacionais, fazer o aproveitamento desse trabalho".
Já o presidente da Câmara Municipal de Aveiro, o social-democrata José Ribau Esteves, explicou à Lusa que a ideia seria que a atribuição do título de Capital Nacional da Cultura começasse em 2024 e rodasse entre as cidades finalistas para Capital Europeia da Cultura até 2027.
Hoje, a candidatura de Ponta Delgada, assegurou à Lusa que vai continuar a apostar na cultura e a desenvolver projectos culturais, considerando “excelente” a decisão de fazer das cidades não escolhidas capitais nacionais da cultura, segundo o director artístico da candidatura de Ponta Delgada, António Pedro Lopes.
Quanto ao presidente da Câmara Municipal, o social-democrata Pedro Nascimento Cabral, disse, em mensagem gravada: “Queremos continuar a sedimentar uma forte presença cultural que nos permita, quem sabe, lançar-nos para outras candidaturas a Capitais Europeias da Cultura mais à frente”.
Em 2027, Évora será Capital Europeia da Cultura juntamente com Liepaja, na Letónia. É a quarta vez que Portugal acolhe a iniciativa Capital Europeia da Cultura, depois de Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012).
Évora vai ser Capital Europeia da Cultura em 2027
Évora será Capital Europeia da Cultura em 2027, juntamente com Liepaja, na Letónia, foi hoje anunciado, numa conferência de imprensa em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB). A cidade de Évora foi escolhida de um lote de quatro finalistas, do qual também faziam parte Aveiro, Braga e Ponta Delgada. O anúncio foi feito pela presidente do júri internacional, Beatriz Garcia.
Évora terá uma dotação financeira de 29 milhões de euros, dos quais 15 milhões de euros serão de financiamento nacional, 10 milhões de euros de fundos europeus, através do Programa Operacional do Alentejo, e quatro milhões de euros do Turismo de Portugal, sujeitos a candidatura, explicou hoje o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Momentos antes do anúncio, o governante, na mesma conferência de imprensa, destacou o “processo muito dinâmico” de escolha portuguesa para Capital Europeia da Cultura 2027, “revelador da vitalidade cultural do país e do dinamismo do território”. “De um território que vê na Cultura um factor de transformação da identidade, de reforço de identidade, através da memória, mas também através da possibilidade de projetar pela Cultura o futuro, e uma alavanca para o desenvolvimento e para a valorização dos nossos territórios”, afirmou Pedro Adão e Silva.
O ministro da Cultura viu este processo de escolha “como uma responsabilidade conjunta e um momento de transformação”. “Um momento de transformação em que a cidade vencedora transformar-se-á pela Cultura, consolidando estruturas, deixando por isso um legado que deve perdurar para além de 27, acho que isso é muito importante, promovendo o desenvolvimento, a inovação e a criatividade, mas também com uma preocupação com a formação de novos públicos”, defendeu.
Pedro Adão e Silva destacou “a importância” de as quatro finalistas serem “quatro cidades que estão fora das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto”: “Isso é fundamental para o país, essa possibilidade de termos uma presença da Cultura no território, para além de Lisboa e do Porto”.
O facto haver mais uma cidade portuguesa como Capital Europeia da Cultura é, para o ministro, “uma grande oportunidade de longo prazo”. “Porque espero que os efeitos desta experiência sejam efeitos no tempo, mas também com um longo alcance de transformação do território”, disse.