Guerra na Ucrânia: Portugal tem preparada força militar para missões de dissuasão da NATO
O Primeiro-Ministro afirmou hoje que Portugal dispõe de uma força militar que será disponibilizada para missões de dissuasão, caso seja essa a decisão do Conselho do Atlântico Norte, mas afastou uma intervenção da NATO na Ucrânia.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou, hoje de madrugada, o início de uma operação militar no leste da Ucrânia, alegando que se destina a proteger civis de etnia russa nas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, que reconheceu como independentes na segunda-feira. Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para Donetsk e Lugansk, referindo, esta quarta-feira, que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia tinham pedido ajuda para “repelir a agressão” dos militares ucranianos. O Ocidente acusa Moscovo de quebrar os Acordos de Minsk, assinados por Kiev e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, sob a égide da Alemanha, França e Rússia. Estes visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia. A guerra no Donbass já provocou mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde 2014, segundo as Nações Unidas.
António Costa falava em conferência de imprensa, em São Bento, depois de uma reunião com os ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e com o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro. Esta reunião destinou-se a preparar o Conselho Superior de Defesa Nacional, convocado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para as 12H00.
O Primeiro-Ministro sinalizou que está reunido o Conselho do Atlântico Norte ao nível de embaixadores e que definirá “qual é a medida de empenho de forças de dissuasão que a NATO adoptará para proteger todos os países membros da Aliança Atlântica que têm fronteira com a Ucrânia ou que estão no conjunto de toda uma vasta região que se estende da Islândia à Turquia”. “Como é sabido, Portugal integra este ano as forças de reacção rápida da NATO e nesse quadro temos um conjunto de elementos que estão disponibilizados, e a prontidão a cinco dias, para, se for essa a decisão do Conselho do Atlântico Norte, serem colocados sob as ordens do comando da NATO para a realização dessas missões de dissuasão”, disse.
No entanto, logo a seguir, António Costa salientou que “a NATO não intervirá nem agirá na Ucrânia”. “E a posição que a NATO terá e em que as forças portuguesas poderão estar empenhadas são missões de dissuasão, em particular junto dos países da NATO que têm fronteira com a Ucrânia", indicou, numa conferência de imprensa em que teve ao seu lado Augusto Santos Silva, João Gomes Cravinho e o almirante Silva Ribeiro.