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Produtores do Oeste estimam colheita de 200 mil toneladas de pêra rocha

perarocha

A campanha da pêra rocha arrancou esta semana com os produtores do Oeste a estimarem uma colheita de 200 mil toneladas do fruto cujo mercado se alargará no próximo ano à China. A produção, em 2019, “deverá andar em valores muito idênticos aos do ano passado”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP), Domingos dos Santos. De acordo com o mesmo responsável, durante a colheita poderá ser registada "alguma quebra em relação ao potencial de produção” da região já que, “nas zonas mais a sul, há produções afectadas com a estenfiliose da pereira [um fungo que causa manchas castanhas no fruto]”, devido, por um lado, a “serem zonas mais húmidas” e, por outro, explicou Domingos dos Santos, “pelo Verão atípico”.

Ainda assim, a ANP prevê que “as dinâmicas não fujam ao que foi a campanha anterior”, quer em termos de colheita quer de comercialização, com 60% da produção a ser escoada para mais de uma dezena de mercados estrangeiros. As preocupações em termos de mercado prendem-se este ano com os mercados do Brasil (que assegura um quarto das aquisições pêra rocha no estrangeiro) e do Reino Unido. Os constrangimentos decorrem, no primeiro caso, “da situação económica, que tem sido muito critica”, reduzindo a capacidade de aquisição do fruto. Em relação ao Reino Unido, a ANP admite “alguma apreensão com um ‘brexit’ sem controlo”. o que poderá obrigar a “aplicar a pauta aduaneira da Organização Mundial do Comércio, em que a fruta vai chegar lá mais cara”, e menos acessível às pessoas com “menos poder de compra”, explicou Domingos dos Santos.

Em alternativa, a associação começou já a preparar novos mercados, entre os quais a China, onde o fruto oestino poderá ser comercializado em 2020. Já este ano, uma comitiva chinesa visitou a associação, que pretende em Novembro “participar numa feira em Xangai [uma das principais cidades da China] para promover a pêra rocha” e, em simultâneo, “para tentar abreviar os processos relativamente aos protocolos fitossanitários” e começar “a operacionalizar a parte comercial”.

A pêra rocha do Oeste possui, desde 2003, Denominação de Origem Protegida (DOP), selo da União Europeia que certifica a qualidade e tradição de produtos alimentares e agrícolas. É produzida maioritariamente entre Mafra e Leiria, incluindo o concelho da Lourinhã, sendo os municípios de maior produção os do Cadaval e do Bombarral. É um dos produtos agrícolas nacionais mais exportados, sendo o Brasil, o Reino Unido, a França, a Alemanha e Marrocos os cinco principais destinos das exportações. A ANP, com sede na Sobrena, no concelho do Cadaval, possui cinco mil produtores associados e cria 4.700 postos de trabalho anuais, chegando, durante a campanha, a empregar mais de 15 mil pessoas por dia.

Texto: agência Lusa com ALVORADA
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)