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Fogo bacteriano e alterações climáticas já causaram prejuízos de 50 milhões de euros à fileira da pêra rocha

pera rocha escaldao

A Federação Nacional de Associações de Produtores de Frutas e Hortícolas estima que o fogo bacteriano - uma doença que atinge as pereiras - e as alterações climáticas, com Verões muito quentes e Outonos com temperaturas mais altas, terão causado cerca de 50 milhões de euros de prejuízos na fileira da pêra rocha. Em declarações à Antena 1, o presidente desta estrutura associativa, Domingos Santos, estima que este sector agrícola terá perdido “25% do valor desta bolsa de produção na região Oeste já esteja em causa”, numa fileira que estava avaliada em 250 milhões, dos quais mais de 100 milhões são receitas provenientes da exportação deste fruto.

Os produtores agrícolas de pêra rocha são obrigados a notificar a Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo as árvores de fruto afectadas pelo fundo vegetal que provoca o fogo bacteriano, porque têm que ser arrancadas e queimadas para assim controlar o avanço desta doença que está identificada na nossa região deste 2012. Contudo, os serviços deste organismo descentralizado do Ministério da Agricultura, segundo os agricultores, são lentos a tratar da burocracia e a doença está a expandir-se. Este foi um tema que levou a uma reunião realizada há um mês com carácter de emergência entre a FNAPFH e a DRAPLVT. “Não tem havido recursos”, justifique Domingos Santos, que adiantou à rádio pública que “foi-nos comunicado [pela DRAPLVT] que iriam reforçar os quadros técnicos para fazer este controlo e que todo o processo administrativo fosse mais célere, porque a bactéria não tem a mesma agenda e calendário que nós”, revelou o ex-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Pêra Rocha.

Recorde-se que a Pêra Rocha do Oeste é um fruto com Denominação de Origem Protegida (DOP), protegido pela União Europeia. Actualmente, cerca de 60% da produção segue para mais de uma dezena de mercados estrangeiros, com o Brasil a assegurar um quarto das vendas, seguindo-se Marrocos, Reino Unido, França, Alemanha e Espanha na lista de maiores clientes. Polónia, Holanda, Irlanda, Suíça, Roménia, Uruguai, Colômbia, Canadá, Emirados Árabes Unidos ou Jordânia são algumas das outras geografias onde a pêra rocha marca presença.

A área de produção da pêra rocha do Oeste DOP é de cerca de 11 mil hectares e está distribuída por vários concelhos, entre os quais Bombarral e Cadaval (os maiores produtores), bem como Torres Vedras e Lourinhã, entre outros. Existem cerca de 5.000 produtores e a produção média anual ronda as 173 mil toneladas, números que nos últimos dois anos não foram atingidos devido aos problemas climáticos e ao fogo bacteriano.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)