Pesquisa   Facebook Jornal Alvorada

Assinatura Digital

Tribunal de Loures começa a 18 de Março a julgar homicídio e profanação de cadáver no Cadaval

Tribunal de Loures

O Tribunal de Loures marcou para 18 de Março o julgamento de um homem acusado de, em Abril de 2023, ter matado outro homem e desmembrado o corpo no Cadaval. O julgamento do homicídio e profanação de cadáver começa a 18 de Março no Tribunal de Loures, sede da Comarca de Lisboa Norte, segundo o portal da justiça Citius.

Segundo a acusação deduzida a 24 de Outubro, e a que a agência Lusa teve acesso, o arguido, de 51 anos, e a vítima, de nacionalidade brasileira, conheceram-se em 2007, quando o suspeito o ajudou a tratar do seu processo de legalização em Portugal, e mantinham desde o início desse ano uma relação amorosa.

Por se encontrar em “situação económica débil”, a vítima pedia com frequência dinheiro ao arguido para pagar a pensão de alimentos das filhas, a prestação do empréstimo do seu veículo e despesas de alimentação, ameaçando terminar a relação se não o ajudasse.

Tendo em conta as pressões da vítima, descreve a acusação, o autor dos crimes “foi-se convencendo cada vez mais de que o namorado apenas mantinha a relação para poder obter benefícios económicos” e passou a desconfiar dele, controlando os seus movimentos. A 26 de Abril desse ano recusou ajudá-lo, o que terá levado a vítima a humilhá-lo, com ofensas verbais, e a deixá-lo revoltado.

Segundo o Ministério Público, na noite seguinte, após ponderar matar o companheiro, foi à casa das ferramentas da sua casa munir-se de uma marreta e, enquanto o companheiro dormia, desferiu-lhe com força pelo menos três pancadas na cabeça, causando-lhe várias lesões e hemorragia cerebral e, por conseguinte, a morte.

Por ter trabalhado na morgue do Cadaval e ter experiência no corte de cadáveres, esquartejou o corpo “para dele se desfazer de forma mais fácil” e colocou-o em sacos de plástico. Já na madrugada do dia 28, transportou no seu veículo os vários sacos, atirou-os para diferentes locais isolados e regressou a casa, assim como escondeu num terreno parte do colchão manchado de sangue onde a vítima se encontrava a dormir. Depois, regressou a casa e lavou a viatura, roupas, o chão e as paredes da casa, os móveis, as facas e o serrote que usou, para tentar esconder as provas do crime.

De acordo com o MP, o arguido agiu “com total desprezo pela vida” e sabia que as pressões e expressões dirigidas pela vítima “não eram motivo que minimamente justificasse a sua actuação de lhe tirar a vida”.

A descoberta de populares de um saco com parte de um corpo, na noite do dia 2 de Maio, alertou a Polícia Judiciária (PJ), que começou a investigar o caso, encontrando depois mais sacos. A existência de tatuagens em várias partes do corpo, uma das quais com referências à bandeira nacional do Brasil, durante a autópsia, permitiram às autoridades identificar a nacionalidade da vítima. Três dias depois a PJ deteve o suspeito, que, após ser presente a tribunal, ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)