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Corpo da criança desaparecida da Atouguia encontrado na Serra D’El Rei tapado por arbustos revelou a PJ

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O corpo da criança que vivia na Atouguia da Baleia e estava desaparecida foi encontrado hoje na freguesia da Serra D’El Rei, tapado por arbustos, sendo o pai e a madrasta os principais suspeitos do homicídio, revelou o responsável da Polícia Judiciária de Leiria. Fernando Jordão, coordenador do Departamento de Investigação Criminal de Leiria da PJ, revelou hoje que Valentina Fonseca, de nove anos, a criança que estava desaparecida desde quarta-feira, terá sido morta durante esse mesmo dia e o “corpo foi hoje encontrado numa zona de mata da Serra D’El Rei, tapado por arbustos”. “Estamos a verificar [cenário da morte], mas claro que terá de ter acontecido em algum contexto de violência”, declarou em conferência de imprensa, salientando que, “à partida”, não terá sido uma morte acidental.

O coordenador da PJ de Leiria adiantou que a morte terá ocorrido “por questões internas do funcionamento da família”, escusando-se a revelar mais informações, referindo, no entanto, que esta situação não terá correlação com o desaparecimento da criança numa outra ocasião. A morte terá ocorrido na quarta-feira à tarde e o corpo transportado para a mata, ao final do dia, adiantou Fernando Jordão.

Convicto de que a vítima terá sido morta dentro da habitação, na vila atouguiense, o responsável disse desconhecer se as outras três crianças, “de 11/12 anos, quatro anos e outra com meses”, que se encontravam em casa, terão assistido a alguma coisa. A PJ ouviu, contudo, a criança mais velha, assim como os principais suspeitos, o pai, de 32 anos e a madrasta, de 38 anos, que estão acusados de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

A investigação começou como um desaparecimento e os indícios que surgiram, relacionados com a “análise, entrevistas e interrogatórios” realizados a várias pessoas, “levaram à detenção” dos dois suspeitos. “As entrevistas e inquirições feitas a várias pessoas permitiram-nos fazer a correlação entre todos os dados que tínhamos em cima da mesa no sentido de colocarmos todas as hipóteses que seriam possíveis até encontrarmos indícios de condutas criminosas”, acrescentou.

Fernando Jordão não apontou um momento concreto que levou os inspectores a tratarem o caso como um possível crime. “Perante um caso de desaparecimento, temos de abrir muitas hipóteses e sub-hipóteses. Não há um momento em que se possa dizer que acabou o desaparecimento e é um grande homicídio. O que se pode dizer é que é um desaparecimento que veio a redundar num homicídio".

Ao longo dos dias, a PJ realizou várias entrevistas e inquirições junto de diversas pessoas no concelho de Peniche, que conduziram aos indícios, que Fernando Jordão optou por não especificar. O coordenador disse ainda não ter informações que indiquem que a criança seria vítima de maus-tratos por parte do pai, nem que estivesse a ser acompanhada pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Referiu, contudo, que a criança viveria com a mãe - no Bombarral - e que neste contexto de pandemia estaria com o pai “há algum tempo”.

“Queremos realçar que o trabalho desenvolvido pela PJ não teria este desfecho, não fosse a excelente colaboração da GNR, da Protecção Civil, autarquias, escuteiros e populares, que contribuíram e muito na realização das buscas na tentativa de encontrar a criança”, realçou Fernando Jordão.

Ao nível da investigação, “resulta de uma permanente troca de informação, sobretudo, entre estes dois órgãos de polícia criminal [PJ e GNR], noite e dia, com uma análise em tempo real, o que permitiu estabelecer as estratégias”. “Sem esse trabalho, a PJ não conseguiria recolher informação pertinente e útil para desenvolver o seu trabalho e chegar a este resultado", acrescentou.

O comandante da GNR de Caldas da Rainha, capitão Diogo Morgado, afirmou que a primeira denuncia do desaparecimento foi feita pelo pai no Posto de Peniche, na manhã de quinta-feira. As buscas entretanto realizadas contaram com o envolvimento de “mais de 600 elementos activos, numa área percorrida de sensivelmente quase quatro mil hectares, palmilhada mais do que uma vez em alguns locais”, embora nenhum deles o sítio onde o corpo viria a ser encontrado. Entre estes elementos estiveram as valências do Destacamento de Intervenção de Leiria e binómio, do grupo de intervenção cinotécnico de Lisboa e a equipa de aeronaves remotamente pilotadas da GNR, a PSP, bombeiros, escuteiros e vários civis.

Texto: ALVORADA com agência Lusa