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PCP questiona localização de futura subestação de tracção na Linha do Oeste perto de Runa

Linha do Oeste 1

O PCP questionou o Governo sobre a alteração da localização de uma futura subestação de tração, com construção prevista junto à localidade de Runa, no concelho de Torres Vedras, solução que está a ser contestada pela população. Em causa está a construção da subestação de tracção de Runa, prevista no quadro das obras de requalificação da Linha do Oeste, entre os concelhos de Sintra e Torres Vedras, num investimento de 61,7 milhões de euros.

Sem pôr em causa a necessidade dos investimentos naquele troço, a população e a União de Freguesias de Dois Portos e Runa “tem alertado para os problemas decorrentes da localização prevista para a subestação”, refere o Grupo Parlamentar do PCP, numa questão ao Governo sobre a possibilidade de alteração do local de construção “caso exista uma solução alternativa tecnicamente viável”. No documento apresentado na Assembleia da República, os deputados sustentam que a subestação ficará “demasiado perto da localidade, e mesmo em frente a uma habitação”, além de a sua construção implicar “o possível corte de um caminho romano, que dá acesso a uma ponte romana, pondo em causa o acesso a este património cultural”.

De acordo com o PCP, a necessidade de uma subestação prende-se com a existência de uma “zona neutra”, ou seja, “um pequeno troço sem energia, que separa duas secções de linha com alimentação eléctrica distinta”. A existência de uma “zona neutra” exige, como condições técnicas, “uma recta de pelo menos 81 metros e pendentes máximas de seis milésimas nos trezentos metros antes e depois do eixo” da referida zona, pode ler-se no documento. Porém, acrescentam os comunistas, a subestação de tracção pode estar distante da “zona neutra” desde que “se ligue, por 'feeder', as duas instalações”.

Assim, o PCP considera que “não existirá, à partida, razão técnica que constitua impedimento a outra localização, desde que haja algures na zona as condições geométricas na via férrea”. Na pergunta ao Governo, o PCP afirma que foram apresentadas soluções alternativas, pelo executivo da União de Freguesias, e questiona se as preocupações manifestadas pela população foram tidas em conta na localização prevista para a subestação.

O PCP quer saber se por parte da empresa pública Infraestruturas de Portugal ”foram tidas em conta estas circunstâncias e se houve algum estudo no terreno para comparar diferentes localizações para a subestação de tracção, que salvaguardem as preocupações da população, e em particular dos residentes na habitação que ficará em frente às instalações, relativas à excessiva proximidade de uma linha de alta tensão”. Os deputados questionam ainda que garantias pode o Governo dar no que respeita à “salvaguarda do património cultural (caminho romano e acesso a ponte romana), bem como das preocupações paisagísticas e de qualidade de vida”. E, por fim, se a localização do apeadeiro irá permitir um acesso da população da freguesia de Runa ao transporte ferroviário.

Os investimentos na Linha do Oeste “são fundamentais para o desenvolvimento da região Oeste, para o incentivo ao uso do transporte ferroviário, com ganhos ambientais e de melhoria na mobilidade das populações”, conclui o PCP, sublinhando que importa, no entanto, que estes investimentos “tenham em conta preocupações patrimoniais, paisagísticas e de qualidade de vida, sem que um critério economicista se sobreponha à procura e ao estudo das melhores opções”.

O projeto de modernização da Linha do Oeste está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira a electrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças e Torres Vedras e a segunda a modernização e electrificação do troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)