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Ambientalistas e ICNF divergem quanto ao modelo florestal para a Serra do Montejunto

Serra do Montejunto

A associação ambientalista Alambi, de Alenquer, colocou em causa a plantação de pinheiros na Serra do Montejunto em detrimento de sobreiros e azinheiras, um modelo florestal que o ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas rebateu esclarecendo que têm sido feitas replantações de carvalhos e castanheiros.

Em comunicado, a Alambi defendeu que os fogos na Serra do Montejunto e outros no país em 2003, demonstraram que “grandes extensões de resinosas fora do litoral, sem pastoreio, sem a roça de matos, sem a recolha de lenha morta, isto é, sem gestão activa, são altamente vulneráveis ao fogo, constituem um perigo para as populações residentes, são um investimento económico sem retorno e constituem um ecossistema ideal para alimentar grandes fogos no Verão”. Nesse ano, dos 1.700 hectares ardidos em Montejunto, 950 correspondiam a área de pinhal, sustentou a associação ambientalista de Alenquer.

Questionado pela Lusa, o ICNF esclareceu que a plantação de um hectare de pinheiros foi feita pelo Conselho Diretivo do Baldio do Vilar e por si apoiado, “no seguimento de muitas outras” plantações, com o intuito de “recuperar o coberto que a área possuía antes de ter sido atingida pelo incêndio de 2012”.

Segundo a Alambi, “o clima está a mudar e tornou-se evidente que o modelo florestal seguido para as serras portuguesas durante décadas, assente nas resinosas, já não se adapta ao clima actual e dificilmente se adaptará a um novo modelo climático em que as temperaturas médias podem ser dois ou três graus acima das temperaturas médias actuais”.

O ICNF respondeu que “têm sido efectuadas rearborizações com carvalhos e castanheiros, para além de acções de condução de regeneração natural de carvalhos”, acrescentando que espécies como os pinheiros mansos “fazem parte do mosaico diversificado que se pretende atingir”. Uma das prioridades do ICNF é recuperar áreas ardidas, apontando para avaliação no final do Verão, “para decidir que acções devem ser desenvolvidas para a recuperação de áreas mais sensíveis que tenham sido afectadas” já pelos incêndios deste ano.

A Alambi criticou ainda a falta de um plano de ordenamento 24 anos depois de ter sido criada a Paisagem Protegida da Serra do Montejunto, para definir as opções de reflorestação. Já o ICNF justificou que as áreas protegidas de âmbito regional “não estão obrigadas a possuir plano de ordenamento”, contudo “os trabalhos relativos à elaboração do plano encontram-se em curso”. À falta desse plano, a associação ambientalista considerou que as opções de reflorestação para o Montejunto devem seguir as orientações do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 e do Projecto de Arborização de Perímetro Florestal para esta serra, que apontam para o aumento da área de folhosas, entre as quais carvalhos, em vez de pinheiros.

A Serra do Montejunto, nos concelhos de Alenquer e do Cadaval, cujos municípios dividem a direcção da comissão da paisagem protegida com o ICNF, foi classificada como paisagem protegida de âmbito regional em 1999, com os objectivos de conservar e valorizar a paisagem e o património natural e promover ali o turismo. O ponto mais alto da região Oeste eleva-se a 666 metros de altitude e possui uma área de quase cinco mil hectares, onde existem 400 espécies de plantas e 75 espécies de aves diferentes.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)