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Prisão preventiva para suspeito de incêndios na Serra do Montejunto

incendio no montejunto 12072023

O Tribunal de Loures decidiu hoje aplicar prisão preventiva ao homem suspeito da autoria de vários incêndios na Serra do Montejunto, nos concelhos do Cadaval e Alenquer (Lisboa), disseram fontes policiais.

O suspeito, de 31 anos, vai aguardar julgamento em prisão preventiva, depois de ter sido presente a primeiro interrogatório policial e ter hoje conhecido as medidas de coacção aplicadas, disseram à agência Lusa fontes policiais.

O homem, sem antecedentes criminais, foi detido esta semana pela Polícia Judiciária (PJ), tendo a sua detenção sido comunicada na quarta-feira. Na ocasião, foi explicado em comunicado que o suspeito usava “artefactos preparados para retardarem a ignição, [e] terá ateado diversos incêndios”.

Depois da divulgação da nota, em conferência de imprensa, o director da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ, João Oliveira, adiantou que o suspeito, que estava a ser “investigado desde há vários meses”, foi detido em flagrante delito. O homem, acrescentou o responsável, está ligado ao sector da construção civil, agia sem quaisquer interesses económicos e apenas por “motivos de natureza fútil”, que apelidou de “mitomania”.

A PJ ainda não apurou o número exato de fogos que o suspeito terá ateado, mas todos terão ocorrido “em zona florestal, confinante com zona urbana” e “teriam atingido proporções mais gravosas caso não tivesse havido rápida intervenção dos meios de combate”. “A actuação do suspeito colocou em perigo a integridade física e a vida de pessoas, provocou riscos ambientais relevantes, para além de ter provocado elevados custos no emprego de meios e recursos no combate aos diversos fogos e à supressão das ignições”, lê-se na nota.

A investigação, feita em articulação entre as duas forças policiais, contou com o apoio do Grupo de Trabalho de Redução de Ignições (estrutura composta pela PJ, GNR e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente e do Laboratório de Polícia Científica.

Nos últimos dois meses, a Serra do Montejunto foi devastada por vários incêndios, um deles ocorrido no dia 3, na localidade de Póvoa, na freguesia de Cadaval e Pero Moniz, e que chegou a mobilizar 146 operacionais, 44 veículos e seis meios aéreos. A 12 de Julho, um outro fogo deflagrou na Espinheira, também no concelho do Cadaval, e só foi dominado ao fim de nove horas de combate, tendo envolvido mais de meio milhar de bombeiros, centena e meia de veículos e 13 meios aéreos. Nos dois incêndios, arderam cerca de 402 hectares, disse na altura o comandante sub-regional do Oeste, Carlos Silva, à agência Lusa.

A Serra do Montejunto, nos concelhos de Alenquer e do Cadaval, autarquias que dividem a direcção da comissão da paisagem protegida com o ICNF, foi classificada como paisagem protegida de âmbito regional em 1999, com os objectivos de conservar e valorizar a paisagem e o património natural e promover ali o turismo. Ponto mais alto da região Oeste, eleva-se a 666 metros de altitude e possui uma área de quase cinco mil hectares, onde existem 400 espécies de plantas e 75 espécies de aves diferentes.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)