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Desabafos: Estórias Curtas

No Aeroporto de Lisboa não havia movimento. Os voos tinham sido todos suspensos por tempo indeterminado. Fiquei apreensivo. Se calhar não vai ser necessário o Aeroporto do Montijo.

O anúncio era claro: “Se sair de casa use máscara e luvas”. Fui ao supermercado. Na fila para entrar na grande superfície, uma dúzia de pessoas. Umas com máscara, outras com luvas, outras com máscaras e luvas. Todos sem roupa. Fiquei estupefacto. Afinal o anúncio era verdade. E eu ali... de fato completo.

Era surpreendente. Há muito que não ouvia com clareza os sons do mundo que me rodeia. Os cheiros agradáveis que a Natureza nos proporciona: o chilrear dos pássaros, o murmúrio do riacho, o marulhar das folhas das árvores, cheiro das flores, da relva molhada... e o ar. O ar está mais limpo. Aliás, nunca esteve tão limpo como agora. Os níveis de poluição caíram a pique. Fiquei preocupado. Não sei se vou conseguir viver com este ar tão puro. O organismo não está habituado. Ainda fico doente.

João Henrique Farinha