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Um voto de saudação e agradecimento

zemaria

A propósito do falecimento do Professor José Maria Eleutério de Sousa, o Conselho Geral do Agrupamento de Escolas da Lourinhã, reunido a 20 de outubro de 2020, delibera aprovar o presente voto de saudação e de agradecimento, atentos os motivos a seguir enunciados:

• Considerando que o Professor José Maria Eleutério de Sousa desempenhou sempre com extremo profissionalismo, inegável competência e imensa e contagiante alegria todas as funções letivas e não letivas que lhe foram confiadas.

• Por exemplo, enquanto Diretor, durante vários anos, do Centro de Formação da União de Escolas da Lourinhã, função que desempenhou a nível de excelência.

• Não se podendo também deixar de sublinhar as atitudes, por ele permanentemente postas em prática, de amizade, companheirismo, ajuda e cooperação relativamente a todos os colegas, alunos e funcionários.

• Salientando-se igualmente, no âmbito das atividades letivas que exerceu, a enorme empatia que sempre estabeleceu com todos os alunos, quaisquer que fossem os respetivos percursos escolares.

• Não se podendo omitir o seu extraordinário sentido de humor, o qual, mesmo quando irreverente, irradiava doses notáveis de tolerância e de humanismo.

Por tudo isto, o Conselho Geral, ora reunido, não pretende pronunciar um voto de pesar pelo falecimento do colega, companheiro e amigo José Maria - ele certamente não quereria que o lembrássemos por causa da morte.

Queremos, isso sim, manifestar aqui as imensas saudades que a sua partida nos deixou e agradecer-lhe tudo o que de muito bom o seu convívio quotidiano nos trouxe. Quanto à questão da sua morte, que quase apetece dizer tão injusta, quanto à questão da sua morte, como diz um poema de José Gomes Ferreira, devia morrer-se de outra maneira:

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados,
fartos do mesmo sol, a fingir de novo todas as manhãs,
convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer:
“Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se
em nuvem hoje às 9 horas. Traje de passeio”.
E então, solenemente, com passos de reter tempo,
fatos escuros, olhos de lua de cerimónia,
viríamos todos assistir à despedida.
Apertos de mãos quentes.
Ternura de calafrio.
“Adeus! Adeus!”
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes…
(primeiro, os olhos… em seguida, os lábios…
depois os cabelos…) a carne, em vez de apodrecer,
começaria a transfigurar-se em fumo…
tão leve… tão subtil… tão pólen…
como aquela nuvem além (vêem?)
Nesta tarde de Outono ainda tocada por um vento de lábios azuis…

Obrigado, Zé Maria.