Jovens esperam que as suas recomendações sejam ouvidas pelo poder político
- Sociedade
- 30/05/2023 14:12
O parlamento dos jovens vai aprovar uma recomendação na qual pede o reforço do investimento na área da saúde mental e da oferta de serviços de psicologia nas escolas, esperando que as suas propostas sejam implementadas.
A sessão nacional do parlamento dos jovens, com o tema 'Saúde Mental dos Jovens: que desafios? que respostas?', decorre ao longo do dia na sala das sessões plenárias da Assembleia da República, e conta com a participação de 132 jovens 'deputados' do ensino secundário.
Estes jovens vão aprovar ao final da tarde uma recomendação que teve por base os 22 projectos dos vários círculos eleitorais, mas durante a manhã acordaram já em alguns pontos, entre os quais o reforço do investimento no âmbito da saúde mental, serviços de psicologia em todos os agrupamentos de escolas, campanhas de divulgação dos apoios existentes ou que os jovens a partir dos 16 anos possam aceder a consultas de psicologia sem precisarem de autorização dos pais.
"Debatemos em diversas etapas o tema da saúde mental nos jovens e iremos hoje aprovar uma recomendação à Assembleia da República sobre este tema. Será a fase final de um longo debate de propostas aprovadas em todos os círculos eleitorais, que ontem [segunda-feira] concluímos em reuniões de comissão. Esperamos que as propostas que forem aprovadas nesta sessão plenária possam merecer a atenção dos órgãos do poder político", apelou o jovem João Miguel Marmelo, que conduziu os trabalhos da sessão nacional do parlamento dos jovens.
Esta foi precisamente uma das questões colocadas pelos jovens deputados aos representantes de cada partido com assento parlamentar numa ronda de 16 perguntas após a abertura da sessão, se as recomendações que saíram das mais de 20 edições do parlamento dos jovens tiveram reflexo nas decisões da Assembleia da República.
A maioria das interpelações aos deputados prendeu-se com o tema da saúde mental, mas foram abordadas também questões como a taxa de abstenção nas eleições, a aproximação da política aos jovens, acesso ao ensino superior, a "sub-representação do interior" no Parlamento ou ainda sobre a aprendizagem da língua portuguesa no estrangeiro.
Os jovens deputados foram aplaudindo as perguntas colocadas pelos seus colegas e as respostas dadas por alguns deputados, mas foram ouvidas pateadas quando a deputada do Chega Rita Matias defendeu a sua visão sobre as questões da igualdade de género e dos direitos da comunidade LGBT+.
Na abertura desta sessão, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, afirmou que para poderem ser tomadas "decisões individuais em toda a liberdade é preciso que haja decisões colectivas antes". "Reunir em assembleia é partir do princípio de que a melhor maneira que temos para tomar decisões sobre assuntos comuns é tomá-las em conjunto. [...] Quanto mais tempo gastarmos em ouvirmo-nos, em entendermo-nos, em falarmos, em trocarmos ideias e argumentos, melhores serão as decisões que tomarmos", defendeu.
De seguida, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, afirmou que esta iniciativa "é olhada no plano europeu e internacional como uma iniciativa de grande sucesso" e considerou necessário criar mais fóruns de participação "para que os jovens possam expressar a sua voz, apresentar as suas ideias e lutar pela repostas que defendem para os problemas e as reivindicações da sua geração", bem como colocá-los "na mesa das decisões".
A sessão nacional do parlamento dos jovens, com o tema 'Saúde Mental dos Jovens: que desafios? que respostas?', decorreu na sala das sessões plenárias da Assembleia da República, com a participação de 132 jovens deputados do ensino secundário, em representação de todos os distritos, regiões autónomas e também dos círculos da Europa e Fora da Europa (nestes últimos casos com alunos de escolas do Reino Unidos e Timor-Leste).
Inscreveram-se nesta edição 504 escolas, tendo estado presentes alunos de um total de 66 estabelecimentos de ensino, eleitos em sessões distritais e regionais.