Greve na CP suprimiu mais de metade dos comboios programados até às 8h00
- Sociedade
- 31/05/2023 09:30
A greve dos revisores da CP levou hoje à supressão de mais de metade (57%) dos 251 comboios programados entre as 00h00 e as 08h00, segundo dados enviados pela empresa à Lusa. De acordo com a empresa, foram suprimidos 143 comboios até às 08h00.
A CP - Comboios de Portugal indica que dos 66 comboios regionais previstos não se fizeram 34 ligações e nos urbanos de Lisboa estavam programados 112 e foram suprimidos 71. Nos urbanos do Porto, estavam previstos para aquele período 53, tendo sido suprimidos 26 e nos comboios de longo curso realizaram-se três, das 12 ligações previstas.
Vários sindicatos da CP tinham convocado uma greve para hoje, mas na terça-feira depois de uma reunião com o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, apenas o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) manteve a paralisação.
“Fomos afectados com a questão da retirada dos revisores das marchas, vamos perder postos de trabalho e estamos a ser, na distribuição do aumento complementar, discriminados face a outros trabalhadores”, disse na terça-feira à Lusa, Luís Bravo, do SFRCI).
Referindo-se à decisão do Estado de conceder um aumento intercalar de 1%, Luís Bravo disse que a CP, com a “urgência do acordo com o sindicato dos maquinistas”, acabou por “absorver grande parte desse orçamento”, ficando os outros trabalhadores “muitos lesados”. “Há esta falta de equidade que está a gerar desigualdades incompreensíveis. E põe em causa os nossos postos de trabalho”, disse, indicando que “o secretário de Estado ouviu, está a avaliar as questões", mas não deu ainda resposta. Por isso, “não temos condições para levantar o pré-aviso”, concluiu.
Na terça-feira, José Manuel Oliveira da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), adiantou à Lusa que a organização e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) decidiram desconvocar a greve depois da reunião. O sindicalista apontou um “conjunto de algumas garantias transmitidas pelo secretário de Estado” e um acordo com a CP, indicando que irão “continuar um processo de negociação”. “Esta é uma fase intermédia”, disse, destacando que nas questões relativas ao número de tripulantes por comboio “há algumas garantias do secretário de Estado que renovam o que foi acordado em 2018”.
Em causa está, entre outras coisas, a questão do agente único, segundo a qual os comboios vazios poderiam circular apenas com maquinista. De acordo com José Manuel Oliveira, serão agora “marcadas reuniões mais particulares com o secretário de Estado para discutir alguns problemas do sector ferroviário”, incluindo “as questões que têm a ver com a segurança na circulação”. O outro sindicato que convocou greve, o SINFA - Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins, também "acompanhou a posição" da Fectrans e do SNTSF, disse José Manuel Oliveira.