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Apresentada oficialmente a candidatura Leiria a Capital da Cultura com apoio do Oeste

Leiria Capital da Cultura 30072021

O coordenador da Rede Cultura 2027, Paulo Lameiro, considerou que a mais-valia da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura deve-se aos anos de preparação. “A mais-valia da nossa candidatura é, seguramente, ser uma candidatura que está a ser construída há muito tempo”, afirmou à agência Lusa Paulo Lameiro, a propósito da apresentação, hoje, no Castelo de Leiria, da equipa redactora e das linhas gerais da proposta de candidatura (‘Bid Book’) de Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027. A equipa é constituída por Ana Bonifácio (arquitectura), Ana Umbelino (autarca torriense), Elisabete Paiva (directora-artística), Lígia Afonso (professora e curadora) e Teresa Andresen (arquitecta paisagística e engenheira agrónoma). O historiador José Mattoso é o presidente honorário da candidatura. “[Leiria] Foi a primeira cidade a manifestar esta vontade e foi a primeira cidade a pôr-se ao caminho, utilizando esta expressão ‘cool’”, realçou Paulo Lameiro.

Em 22 de Maio de 2015, Dia do Município, o então presidente da Câmara Municipal, Raul Castro, disse que pretendia que Leiria “ganhasse o estatuto de um concelho incontornável no panorama regional, com uma capacidade excepcional de atração turística e de vivência para quem aqui reside”, referindo que esta estratégia passava por “estabelecer metas e objectivos, mas também por acreditar que um dia” Leiria estaria preparada para se candidatar, por exemplo, a ser Capital Europeia da Cultura em 2027.

Quase quatro anos depois, em 22 de Fevereiro de 2019, foi assinado o manifesto da Rede Cultura 2027, que contém os compromissos, linhas orientadoras e objectivos do projeto, multiplicando-se, desde então, as iniciativas nas mais diversas áreas culturais. Paulo Lameiro, o coordenador do Grupo Executivo da Rede Cultura 2027, estrutura responsável pela candidatura que tem Leiria como ponto de partida, mas que envolve outros 25 concelhos de três comunidades intermunicipais (Leiria, Oeste e Médio Tejo), onde vivem cerca de 800 mil pessoas, salientou que esta rede “junta territórios que, normalmente, não estavam juntos”. “Não trabalhavam juntos, não actuavam juntos na economia, na política, na educação, na cultura e, ao longo de três anos, constituiu-se já um conjunto de estruturas”, destacou, adiantando haver muitos projectos que já estão no terreno “a ser tecidos pelas escolas, pelos museus, pelas bibliotecas e o que for escrito no ‘Bid’ não é já somente uma vontade, um desejo, já reflecte um trabalho feito por este território”.

Entre as propostas da candidatura está “o reconciliar da cultura e natureza, a revelação das preexistências, a capacitação e profissionalização dos atores e estruturas culturais deste território”, exemplificou o responsável. “É tão importante investir na dimensão europeia e internacional da candidatura, quanto na promoção e no reconhecimento dos actores culturais do nosso território”, frisou, apontando “a redescoberta da paisagem” como outra ideia. “Com os Censos 2021 tomámos mais consciência da desertificação do Interior (…). Estes dados recomendam-nos, vivamente, a que a cultura possa desempenhar um papel de coesão territorial, de reequilíbrio social e demográfico, que, de resto, estão em sintonia com os modelos mais sustentáveis que hoje ambicionamos e que a pandemia revelou”, acrescentou.

Além do Conselho Geral, onde têm assento os 26 presidentes de Câmara (o presidente do executivo municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, lidera), os politécnicos de Leiria e Tomar, a Associação Empresarial da Região de Leiria e a Diocese de Leiria-Fátima), a Rede Cultura 2027 tem um Conselho Estratégico, presidido por João Bonifácio Serra, e um Grupo Executivo.

Iniciativa Capital Europeia da Cultura motiva investimentos no sector

A iniciativa Capital Europeia da Cultura está a fazer com que o país invista na cultura, disse o coordenador da Rede Cultura 2027, responsável pela candidatura de Leiria, considerando que as cidades candidatas já estão a receber vantagens.

“Eu sei que é sempre muito comum falar-se que o processo importa tanto ou mais do que o fim, mas a verdade é que o nosso país, Portugal, por causa deste projecto europeu, ou seja, inspirado, motivado, alavancado por um projecto europeu, tem vindo – umas cidades mais, outras menos – a investir em cultura, a diagnosticar, a capacitar os seus actores culturais, a cruzar informação, a envolver a Europa. E, portanto, seguramente, todas as cidades que investiram nesta candidatura (…) já estão, efectivamente, a receber as vantagens deste investimento”, afirmou Paulo Lameiro.

O coordenador falava à Lusa a propósito da apresentação, hoje, no Castelo de Leiria, da equipa redactora e das linhas gerais da proposta de candidatura (‘Bid Book’) de Leiria a Capital Europeia da Cultura. “Para Leiria, muita da motivação e, se calhar, o que nos move e aquilo que para nós é já um título, [é] a capacidade de juntar as cidades todas e a capacidade de ativar o pensamento e a acção cultural. A ‘governance’ cultural tem vindo a ser reflectida e trabalhada”, disse.

Este responsável sustentou que é importante ter “consciência de que se trata de uma candidatura a capital europeia e é de Europa” que se está a falar. “Não é de uma região ou de uma cidade ou só 26 cidades”, declarou. “Estamos a falar da Europa que somos, da Europa que habita em nós e da Europa com a qual temos de dialogar permanentemente, e é fundamental que qualquer candidatura a Capital Europeia não esqueça que não somos candidatos para mostrar à Europa o que temos, somos candidatos porque somos Europa”, acrescentou.

Além de Leiria, mais 10 cidades já manifestaram intenção em serem Capital Europeia da Cultura 2027: Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Oeiras, Ponta Delgada e Viana do Castelo. Em 23 de Novembro de 2020, foi publicado em Diário da República o aviso que tornou público o convite à apresentação de candidaturas, bem como o regulamento interno para a eleição, em Portugal, da Capital Europeia da Cultura em 2027. “A iniciativa Capital Europeia da Cultura tem como objectivos a salvaguarda e promoção da diversidade das culturas, na Europa, realçando as características comuns que partilham, fomentando o sentimento de pertença a um espaço cultural comum”, lê-se num comunicado do Governo emitido nesse dia. Segundo o executivo, a candidatura vencedora terá um montante disponível de 25 milhões de euros, a operacionalizar através do Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2020-2030.

As candidaturas para Capital Europeia da Cultura estão abertas até 23 de Novembro, segundo o ‘site’ Capital Europeia da Cultura Portugal 2027. A escolha da cidade vencedora será feita por um júri composto por 12 peritos independentes, nomeados por instituições europeias, para o qual Portugal contribuirá com dois elementos, de acordo com a mesma fonte. O mais tardar, no início de 2023, será anunciada a cidade vencedora.

A iniciativa Capital Europeia da Cultura, criada pela Comissão Europeia em 1985, já levou este título a 58 cidades, incluindo Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012). Em 2027, o título será entregue a uma cidade portuguesa e outra da Letónia.

Texto: ALVORADA com agência Lusa